Túnis é um desses lugares únicos e fascinantes.
A capital da Tunísia fica no Mediterrâneo em frente da França e da Itália no norte da África. Tem o mesmo clima da Cote D’Azur, o mesmo azul-turquesa no mar. A la mer opposé no Lacus Romanus. Nas noites claras se vêm ao longe luzes da Sicília.
Túnis tem o fascínio da mistura das culturas francesa e árabe. Ex-colônia francesa tem as duas línguas, as duas culinárias, hábitos e costumes, além das heranças dos fundadores cartagineses e dos conquistadores romanos.
Túnis tem algo ainda mais singular, ainda mais fascinante.
A cidade é cercada por um cinturão de cultivo das mais diversas flores para produção das essências que abastecem as indústrias de perfumes locais e francesas.
Em Túnis o vento sopra de dia como maral, do mar para a terra e nos fins de tarde se inverte para terral soprando da terra para o mar. Como o Sahara ocupa quase 40% do país o vento que chega no fim da tarde vem diretamente do deserto em direção à cidade. Um vento muito quente e seco que antes de chegar a Túnis passa pelas plantações de flores trazendo com ele todos aqueles perfumes.
No fim das tardes, durante o pôr de sol, a cidade é tomada por uma brisa muito quente, seca, inebriante, que sopra durante toda a noite até ao amanhecer perfumando tudo. A sensação é quase sufocante, entontecedora, sensual.
Além do vento morno e perfumado do deserto o começo da noite em Túnis é muito festivo por causa do ruído ensurdecedor dos milhares de pássaros que trinam ao mesmo tempo, logo após o por sol, na avenida central Habib Bourguiba.
O sol se vai escurecendo lentamente os azuis claros do mar e do céu do Mediterrâneo deixando rosas, amarelos e vermelhos intensos. Chegando suavemente a noite trás uma brisa morna, aconchegante, feminina, de muitos perfumes acompanhada do canto estridente dos pássaros. A noite chega para acordar seus sentidos.
O sol se vai escurecendo lentamente os azuis claros do mar e do céu do Mediterrâneo deixando rosas, amarelos e vermelhos intensos. Chegando suavemente a noite trás uma brisa morna, aconchegante, feminina, de muitos perfumes acompanhada do canto estridente dos pássaros. A noite chega para acordar seus sentidos.
Mais tarde a esse calor, sons e perfumes começam a se misturar os da noite urbana.
Perfumes das comidas muito temperadas dos restaurantes, do café forte dos bares, dos muitos chás, dos crepes de muitos sabores assando nas esquinas, do tabaco dos nagliês que amigos dividem nas praças.
Perfumes das comidas muito temperadas dos restaurantes, do café forte dos bares, dos muitos chás, dos crepes de muitos sabores assando nas esquinas, do tabaco dos nagliês que amigos dividem nas praças.
Sons dos bares e cafés. Sons amorosos de canções muito longas, dolentes. Sons de línguas e dialetos misturados. Sons das dançarinas do ventre. Uma sensualidade preguiçosa no calor, nos sons, nos perfumes, nas musicas, nos sabores, nas danças. Dos andares, dos gestos, dos olhares, do viver. A noite chega para provocar seus sentidos.
Conheci a Ingrid numa festa libanesa em São Paulo.
Rafael um amigo comum nos apresentou. Austríaca, ela se destacava muito de toda a festa. Muito alta, muito magra, muito branca, os olhos muito azuis, os cabelos longos, ruivos, encaracolados. E linda, escandalosamente linda.
Ingrid era uma mulher especial. Tinha viajando pelo mundo, tripulante de um grande veleiro. Não morava em São Paulo vivia em um sítio em Itatiaia a meio caminho entre Rio e São Paulo.
Rafael um amigo comum nos apresentou. Austríaca, ela se destacava muito de toda a festa. Muito alta, muito magra, muito branca, os olhos muito azuis, os cabelos longos, ruivos, encaracolados. E linda, escandalosamente linda.
Ingrid era uma mulher especial. Tinha viajando pelo mundo, tripulante de um grande veleiro. Não morava em São Paulo vivia em um sítio em Itatiaia a meio caminho entre Rio e São Paulo.
- Fico mais perto da natureza, de meus cães. Posso saltar de para-quedas no campo das Agulhas Negras.
- Você trabalha em que?
- Sou especialista em pastores alemães para forças militares. Agora mesmo cheguei de Paris onde treinei cães para patrulhar aeroportos. Paga bem e me permite viajar muito.
Ingrid me mantinha fascinado. Apesar deste perfil era muito feminina, sexy apesar da aparência simples e despojada. Ou por isso mesmo.
Falando de viagens e países descobrimos que os dois conhecíamos e gostávamos muito da Tunísia. Ela tinha morado em Túnis, era louca pela cidade. Conversamos sobre a música, os queijos, a culinária regional de Cartage, os cafés, os restaurantes da cidade, o mercado Souk, as janelas, o artesanato, as gaiolas azuis, até dos amores do Abou Nawas. Finalmente fiz a pergunta inevitável.
- Lembra do vento quente nos fins de tarde?
Ela riu, seus azuis brilharam. Deslizou uma mão lentamente numa carícia subindo pela cintura em direção aos seios. Parou a mão neles, me olhou com um olhar firme, direto,
- Claro que lembro. Um calor que queima mas não sufoca.
- Você tem alguma coisa para fazer hoje à noite?
- Você tem alguma coisa para fazer hoje à noite?
- Não. Se você quiser te pego logo mais para darmos uma volta.
- Combinado.
Como eu não sabia para onde iríamos me vesti da forma mais comum possível. Camisa pólo, calça de tecido e sapato esporte daria para ficar na média em qualquer lugar.
Na hora combinada fiquei à espera da Ingrid em frente de casa me distraindo com o movimento intenso do Morumbi. Muitos carros e motos para lá e para cá, mas nada da Ingrid parecer, já começava a ficar preocupado com o atraso dela.
Nisso um ruído forte de motocicleta me chama atenção. Som alto e inconfundível de Harley-Davidson. Era das grandes, era negra. Passou rápida e barulhenta pela rua, pilotada por alguém inteiramente de couro negro com umas botas enormes. O som alto da Harley, a figura de negro me distraíram completamente da espera por Ingrid.
Subitamente a moto faz a volta, retorna e para ao meu lado. A figura de negro salta, se põe de pé com a roupa de couro brilhante coladíssima ao corpo, as botas até o joelho, tira o capacete, solta os cabelos ruivos. Era ela.
- Vamos lá? Sobe aí atrás.
(*) Colônia francesa a Tunísia se tornou independente da França em 23 de Março de 1956.
Três semanas antes Norma Jean Morteson trocara legalmente de nome tornando-se Marilyn Monroe. O que uma coisa tem a ver com a outra? Absolutamente nada.
(*) Colônia francesa a Tunísia se tornou independente da França em 23 de Março de 1956.
Três semanas antes Norma Jean Morteson trocara legalmente de nome tornando-se Marilyn Monroe. O que uma coisa tem a ver com a outra? Absolutamente nada.