A Visita de Ahmadinejad

Independentemente de tudo, receber Ahmadinejad no Brasil é coerente com as praticas tradicionais da diplomacia brasileira.
Acima de tudo é a velha Realpolitik que todas as nações exercem, são as questões praticas e econômicas que contam.

Depois das visitas do presidente israelense Shimon Peres e da autoridade palestina Mahmud Abbas agora não podia faltar a do iraniano Ahmadinejad. Após mover a primeira peça é preciso mover as seguintes para se manter o equilíbrio do jogo diplomático.
Há também a constante procura brasileira por apoios para obter uma vaga permanente no conselho de segurança. E apesar de potencialmente perigosa a visita do líder iraniano fica como uma afirmação de independência política e diplomática mesmo que na pratica isso não signifique muito.

Além de tudo há aspectos tecnológicos e estratégicos importantes na aproximação já que o Brasil não tem domínio sobre a tecnologia nuclear e precisa abrir portas para programas que assegurem um salto tecnológico imediato e real transferência tecnológica.
O Irã procura apoios de países “idôneos” e o Brasil pode se beneficiar desta situação.

Mas é sobretudo na área econômica que a visita faz sentido.
Desde 2002 as exportações do Brasil para o Irã passaram de 500 milhões de dólares anuais para mais de 1 bilhão de dólares, número que o país pode e deve aumentar. Ahmadinejad veio acompanhado de 150 empresários e 23 acordos de cooperação devem ser assinados durante a visita.
Realpolitik, o termo que Bismarck tanto usava, é nome do jogo. Países não têm amigos, têm interesses.