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Salazar e a Neutralidade Portuguesa

Um dos membros do regime de Salazar admite que depois da extração do ouro brasileiro no período colonial, a Segunda Guerra Mundial foi o período economicamente mais lucrativo para Portugal.
O país permaneceu oficialmente neutro no conflito e ganhou uma fortuna. O tungstênio de Portugal, metal essencial para a indústria de guerra era vendido para os dois lados do conflito.

Lisboa pobre e decadente acordou, enriqueceu, se transformou em cenário de romance, intrigas, conspiração, espionagem, traições e jogo duplo. A cidade ocupa uma posição estratégica privilegiada como limite ocidental do continente, entrada para o Mediterrâneo e saída segura para o Atlântico, America do Norte, Africa e América do Sul. Espiões e agentes tanto da Alemanha quanto dos Aliados conviviam, se vigiavam, conspiravam e eram espionados pela PVDE a policia secreta do temido capitão Agostinho Lourenço.
Refugiados de todos os tipos enchiam à cidade à espera de uma oportunidade de deixar a Europa. Lisboa, Casablanca II.

O SOE - Special Operations Executive - serviço secreto britânico mantinha entre outros um agente na cidade, Ian Fleming. Ele além de arquitetar a Operação Golden Eye passava as noites a jogar vinte e um no Casino do Estoril, o único grande cassino que permanecia aberto na Europa. Fleming mais tarde criou o agente 007. A cena em Cassino Royale quando o perverso espião Le Chiffre perde tudo numa mesa de jogo vem destas noites. Muito mais tarde On Her Majesty's Secret Service seria filmado em Portugal. A cena clássica, “my name is Bond, James Bond” jogando vinte e um numa mesa de cassino foi inspirada nesta época de Ian Fleming no Casino do Estoril.
Na região do cassino, na praia do Estoril a Cascais, belas agentes alemãs se bronzeavam na areia, se fazendo passar por cidadãs suíças neutras, tentando seduzir funcionários graduados dos Aliados.

A Abwehr, o serviço secreto da Wehrmacht, as forças armadas alemães, tinha uma forte presença  na espionagem, contra-espionagem e no contrabando em Portugal. Em Lisboa a Abwehr montou alguns bordéis e financiou outros na região do porto para espionar marinheiros aliados e conseguir descrição de rotas, carregamentos, datas de chegada e de partida. As informações eram importantes tanto para o controle do movimento de cargas e passageiros quanto para o planejamento de ataques navais dos U-boats, os temidos submarinos nazistas que infestavam o Atlântico.
Não funcionou: as meninas estavam na folha tanto dos alemães quanto da contra-espionagem britânica.

Salazar temendo perder o império colonial, sob ameaça de uma invasão alemã e desconfiando de uma invasão espanhola equilibrava-se na corda bamba fazendo jogo duplo.
Chamberlain, primeiro-ministro britânico, havia oferecido Angola aos alemães, sem consentimento dos portugueses. Os alemães ameaçavam invadir o país caso Portugal interrompesse o fornecimento de matérias primas. Americanos e britânicos faziam exigências em relação às ilhas portuguesas dos Açores.

A Espanha tinha planos de invasão e anexação de Portugal. Os fascistas espanhóis insistiam na captura do vizinho. Em Maio de 1941 a Espanha fez planos militares formais e detalhados para iniciar a invasão de Portugal. O governo de Salazar sabia e tinha desenvolvido com os britânicos a Operação Panicle, um planejamento para fugir para as ilhas dos Açores, sabotar Lisboa, inviabilizar o rio Tejo, explodir o porto da cidade, os reservatórios de combustível e suas estruturas urbanas.
O Estado-Maior britânico, confirmando o velho ditado português “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”, sabia dos planos militares dos espanhóis e calculou que Franco levaria três semanas para invadir e conquistar Portugal.

Tanto a BOAC inglesa quanto a Lufthansa alemã operavam vôos, lado a lado no aeroporto de Lisboa. As listas de cargas e passageiros eram disputadas pelos serviços de espionagem.
A Lufthansa operava vôos noturnos clandestinos partindo de Madrid carregados com barras de ouro e saques de guerra. O mercado de ouro, diamantes e obras de arte movimentavam a cidade. Com enorme oferta as cotações desabaram. Museus se abasteceram com obras de arte de refugiados judeus desesperados por dinheiro.
Grandes operações financeiras ligadas à guerra eram realizadas. Escroques, banqueiros, espiões e aventureiros de todo o tipo enchiam os bares e cafés da cidade.

Famílias reais exiladas de seus países invadidos, refugiados de todos os tipos, ex-prisioneiros de guerra e judeus fugindo das perseguições conviviam na cidade com agentes da Gestapo e espiões da Alemanha. Organizações clandestinas recebiam e ajudavam judeus. Os hotéis, que viviam repletos, tiveram de se ampliar, era quase impossível encontrar um quarto para ficar, uma diária equivalia ao salário mensal de um português. Milhões de refugiados passaram pela cidade.
Lisboa era a única cidade da Europa completamente iluminada, vinte e quatro horas por dia. Lisboa, a Cidade da Luz.

O ouro substituiu o papel moeda nas enormes transações e pagamentos. Terminada a guerra o Banco de Portugal, banco central português, estava repleto das barras de ouro nazistas que pagaram pelo tungstênio. Os aliados contestaram a posse deste ouro por ter sido originado dos saques alemães nos países invadidos e saqueados das vítimas do Holocausto. Todos os países neutros que tinham este ouro tiveram de entregá-lo, praticamente todo, aos Aliados.
Portugal não devolveu, em troca negociou com os Estados Unidos uma base militar nos Açores. A Base das Lajes é operada pelos americanos até hoje.

Salazar astutamente conseguiu salvar Portugal da ruína e enriquecer o país no período. No melhor estilo de que países não têm amigos, têm interesses.
Entre 1937 e 1939 havia um déficit na balança comercial de cerca de 660 milhões de dólares. Pouco depois em 1942 o déficit já tinha se transformado em um superávit de mais de um 1 bilhão de dólares em valores atuais. Para um país muito pobre na época são valores absolutamente espantosos.
Já em 1943 a receita em impostos do Estado tinha aumentado 44%. Os recursos mantidos no banco central português o Banco de Portugal triplicaram.

Durante os anos da guerra os bens nos bancos privados portugueses dobraram. O mais beneficiado de todos foi o Banco Espírito Santo que atuava como um braço financeiro de Salazar. Ricardo do Espírito Santo, da família controladora do BES, amigo íntimo de Salazar, foi presidente do banco e conduziu transações milionárias no período.
Logo depois do fim da guerra, no dia 16 de Junho de 1945, o Times de Londres noticiou que o banqueiro tinha sido preso e interrogado na França por ter comprado, nas semanas finais do conflito, um castelo, fazendas e outras propriedades pagando com títulos de bancos franceses provavelmente saqueados pelos nazistas durante a ocupação.

A riqueza do Estado português mais que triplicou.
Além dos incontáveis recursos espalhados pelo mundo em contas de paraísos ficais calcula-se que apenas em ouro cerca de 400 toneladas permaneceram no país nas mãos do Estado. Pelas cotações do ouro em 2013 são valores na casa entre 38,2 e 41,8 bilhões de Reais.
Estes recursos foram zelosamente guardados, duraram décadas e ajudaram Portugal a financiar sua entrada na Comunidade Europeia mais de quarenta anos depois.

Salazar, ex-seminarista, era católico fervoroso. Durante seus anos de estudos em Coimbra tornou-se grande amigo e colega de quarto de Manuel Cerejeira com quem dividiu residência por 13 anos. Cerejeira tornou-se Patriarca de Lisboa, cardeal e serviu por 48 anos. Foi Cardeal de 1929 até 1977.
Em 3 de Maio de 2000 a BBC transmitiu um noticiário sobre a relação entre a Igreja Católica Portuguesa e o ouro nazista. A Igreja admitiu que guardou ouro alemão até meados da década de 1980.
A reforma do Santuário de Nossa Senhora de Fátima foi pago com barras de ouro nazistas vindas do Banco de Portugal vendidas entre 1982 e 1986.

Perspectivas para a Crise

Vinte e um de Junho. Primeiro é preciso limpar os óculos, é preciso separar o que realmente está acontecendo do que chama ou desvia a atenção.
Saques e vandalismo são comuns e normais em situações de agitação social ou de exceção, independe de orientação politica. Acontecem tanto à direita quanto à esquerda, durante insatisfações em geral, situações de enchentes, terremotos, greves etc... É normal e não se relaciona com ideologia.
Evidentemente que é um dos aspectos que mais desperta os meios de comunicação. Esqueça isso para poder ver o principal.

O principal é que parte da população está cansada e revoltada com a corrupção, impunidade e desfaçatez da classe política. Não tem ninguém inocente nessa história, esqueça qualquer tipo de preferência politica e admita: a representação política está podre.
A presidente não tem experiência para lidar com isso, foi eleita pela preferência de uma única pessoa, na verdade foi indicada como herdeira, uma garantia de continuidade. Isso é fato. Tanto que na primeira crise recorreu ao padrinho e a seu marqueteiro. O padrinho sabiamente mandou recuar e determinar a volta das tarifas. Alguns Estados fizeram isso antes de SP e RJ.

Havia que recuar para aliviar o motivo, a gota d’água, a pressão da panela. Mas o motivo principal permanece, o sistema esta podre, a população não suporta mais. Principalmente por que já está sentindo no ar que uma crise econômica se aproxima e sentindo no bolso que a fantasia de crescimento mágico acabou.
É um fato que qualquer economista idôneo enxergava.
O crescimento estava a reboque de um excesso de liquidez no mercado financeiro internacional, do crescimento chinês, da exportação de commodities e dependente do consumo da nova classe media. Só que o crescimento chinês diminuiu, há uma crise econômica internacional e o consumo da nova classe média era baseado em subsídios e financiamentos que evidentemente têm um limite, uma bolha de consumo.

O governo esta tentando manter este consumo, por exemplo, com o Minha Casa Melhor para financia-lo não mais com dinheiro do mercado, mas com emissão de moeda colocando recursos em bancos estatais, o que evidentemente vai agravar a inflação piorando as coisas.
O crescimento recente não foi fruto de uma política econômica consistente nem muito menos de longo prazo. Foi mais um dos “milagres brasileiros” que periodicamente acontecem naquele espírito de “o país do futuro”. Fantasia que a realidade desmascarou.

Estas manifestações não vão durar para sempre.
O movimento é real, legítimo e tem motivos concretos. Mas o país não vai nem entrar nem permanecer no caos por que há interesses econômicos e a inércia da atividade econômica não acaba facilmente. As manifestações vão se acalmar como a Primavera Árabe.
As manifestações tendem a esquentar e depois esfriar por que mesmo sendo espontâneas não têm nem uma liderança nem um programa. O que vai acontecer é uma dessas possibilidades:

1. O governo esfria a cabeça e vai entregando e/ou fingindo entregar e atender uma por uma as reivindicações mais críticas e faz algum ato grandioso acalmando o tigre até sacia-lo. É o que o empresariado e as classes econômicas estruturadas vão aconselhar e exigir.
2. O governo convoca uma Constituinte e a coisa toda se acalma. É histórico.
3. O governo perde a visão e a iniciativa, a situação cresce e aparece um líder do nada, meio messiânico, um salvador da pátria qualquer com um discurso de limpeza ética. Poderá ser alguém da direita religiosa.
4. O governo perde a cabeça, decreta algum tipo de estado de emergência e assume poderes maiores. Um golpe de esquerda bolivariana que muitos setores radicais desejam e fomentam.
5. Golpe militar é pouco provável. Os militares estão sem força para ir em frente com um golpe e sem credibilidade para isso.
6. O ex-presidente anterior reaparece.
O mais provável é que aconteça a primeira, a segunda ou a sexta situação acompanhadas de algum gesto dramático que acalme as massas, mas confesso que temo pela terceira.

Uma pesquisa realizada pelo Data Popular, antes das manifestações, entre jovens de 18 a 30 anos mostra que eles confiam mais em si mesmos, em Deus e na família do que no governo. Setenta e cinco por cento não confiam no Governo, sessenta por cento não confia na Justiça. Eles representam mais de 42 milhões de eleitores, 33% do total.
Segundo o Datafolha 84% das pessoas que foram ao protesto em São Paulo no dia 17 não têm preferência partidária. Elas são a base e o motor inicial das manifestações.
Há uma nova classe média, uma grande maioria silenciosa que tem valores conservadores, que agora está mostrando a cara, que está se fazendo ouvir.
A direita religiosa pode perfeitamente se aproveitar deste vácuo político. Os evangélicos poderão ser uma força poderosa e mobilizadora tanto numa crise quanto numa Constituinte.

Pessoalmente prefiro uma faxina “mãos limpas” dentro de um projeto social democrata. Mas talvez seja sonhar demais. O país é muito diverso socialmente. O povo não tem tradição nem vivência democrática. Vota pela barriga e é sempre direcionado de forma imediatista.

A Direita Religiosa

Dezesseis de Junho. Ando meio preocupado e paranoico.
Estas manifestações que apenas começaram refletem a insatisfação com a classe política de todas as cores. A gota d'água foram vinte centavos. É um "Chega!" a um Estado ausente e/ou incompetente, à impunidade e a corrupção. Com a possibilidade de uma crise econômica no horizonte a situação pode se tornar crítica.

Temo que num cenário onde essa insatisfação não se sentindo representada por nenhum partido tradicional a direita religiosa preencha o vácuo.
A rigor ela é a única força social atualmente organizada. E muito bem organizada com recursos financeiros estruturados, rádios, TVs e milhares de igrejas pelo país.
Ela está muito bem representada na midia pelos "comunicadores" que vivem a reclamar da classe política, da insegurança e da “safadeza” em geral, bradando raivosos para a maioria silenciosa da nova classe média.

É impossível raciocinar sem levar em consideração esta nova e enorme massa.
Nossa democracia é muito jovem para estar imune a reviravoltas ou para o aparecimento de um novo Collor em 2014.



António e Julinha.

Há amores possíveis, há amores impossíveis e há amores que marcam para sempre a vida de um homem.
Julinha e António. Ela filha de uma família bem de vida, proprietária da Quinta do Vimieiro, ele um camponês muito bonito. Os dois da Beira Alta, centro de Portugal.

António vivia numa pequena aldeia próxima da cidade de Santa Comba na região do Dão. O pai de António trabalhava para a família de Julinha na Quinta do Vimieiro. Quando a família dela soube do romance proibiu-a de ver António.  Ele até tentou se explicar mas D. Etelvina, a mãe de Julinha, foi taxativa, foi brutal:
 – Cala-te. Não se esqueça das tamancas de seu pai.
Foi a última mulher que mandou António se calar.

A família tinha lá seus motivos para não querer o romance, mas não imaginava o futuro do rapaz. Julinha foi obrigada a se casar com um médico do Alentejo que a deixou viúva ainda jovem, com dois filhos e em dificuldades financeiras.
António foi ser seminarista, quase se tornou padre. Mas terminou por entrar na universidade de Coimbra, estudou leis, estudou economia, foi aluno brilhante, tornou-se professor.
António nunca se casou. Manuel, um colega de quarto, dizia que ele vivia como um monge.

Treze anos depois de chegar a Coimbra, António já agora um brilhante economista, foi convidado para participar do governo.
A família de Julinha Perestrello nunca imaginou que aquele pobre rapaz, filho de camponeses, seria ministro das Finanças, chefiaria o Ministério da Guerra, o Ministério das Relações Exteriores e lideraria o país como Primeiro-ministro por trinta e seis anos.
António de Oliveira Salazar nunca se casou.

A Jihad Alemã

A virtual Jihad - guerra santa - que o Islã promove hoje contra o Ocidente tem raízes profundas e históricas. Uma delas é a pouco estudada e valorizada política de Estado alemã promovida pelo Kaiser Wilhelm II um pouco antes e no começo do século XX.
O Estado alemão planejou, participou e financiou uma guerra santa muçulmana contra o Ocidente.

A Alemanha despontava como nova potência industrial européia e buscava seu lugar entre os impérios estabelecidos, Rússia, Inglaterra e França. O Kaizer apostava em substituir ingleses, franceses e russos no Oriente Médio, Norte da África, parte da Ásia e na Índia.
Wilhelm II também estava de olho na partilha do Império Otomano, o Doente da Europa, que se esfacelava. Os planos do Kaizer alemão eram grandiosos, nada menos que o poder mundial.

Wilhelm II teve a brilhante ideia de promover uma guerra santa dos muçulmanos contra os ingleses, seus maiores rivais. O governo alemão gastou na região muitos trilhões de dólares, em valores atuais, estimulando revoltas e pagando por fatvas dos imãs contra os infiéis ocidentais. A ideia era aproveitar o fato da Alemanha não ter uma presença colonial e que, portanto, tinha as mãos limpas.
O custo desta aventura oriental do Kaizer, a Drang nacht Osten,  custou inacreditavelmente mais do que os Estados Unidos já gastaram na guerra do Iraque e do Afeganistão somado ao que foi gasto nas guerras do Golfo, do Vietnã e da Coréia.

A Alemanha construiu estradas de ferro, lançou milhões de panfletos, distribuiu armas, armou e treinou exércitos. Financiou aventureiros, tribos de beduínos, líderes políticos e religiosos para promover uma revolta árabe contra os ingleses. A ação se estendeu por todo o mundo islâmico até a Índia.
A estrada de ferro Orient Express de Berlim a Bagdá projetada e construída pelos alemães foi parte desta estratégia de fundamentar a presença alemã na região.
Deu tudo errado. A Primeira Guerra Mundial aconteceu como conseqüência de sua política expansionista e o Kaizer foi um dos derrotados. Ecos do conflito e do desmoronamento do império otomano chegaram até a Guerra da Bósnia que terminou em 1995. Paralelamente a Jihad alemã atiçou ódios violentos até hoje. 

Um dos muitos argumentos do Kaiser para a guerra santa alemã era o anti-semitismo em comum com os muçulmanos. Mais tarde isso teria conseqüências devastadoras na guerra a seguir, a Segunda como continuidade e conseqüência da Primeira.
O Grão-mufti Muhammad Amin al-Husseini chamou a atenção de Hitler depois de um pogrom onde aquele havia dizimado toda a população judaica de Bagdá em Junho de 1941. Convidado a ir a Berlin, em 28 de Novembro al-Husseini se reuniu com o Chanceler logo quando começou o planejamento logístico do Holocausto. Ele foi um dos grandes conselheiros de Himmler e Hitler para assuntos judaicos.
Hitler lhe prometeu que era objetivo estratégico da Alemanha “die Vernichtung des im arabischen Raum unter der Protektion der britschen Macht lebenden Judentus”. Nem precisa traduzir para perceber que isso foi música para os ouvidos do Grão-mufti.

Al-Husseini foi fiel as suas promessas.
Em 1944 havia cerca de 100 mil muçulmanos, equivalente à metade do atual exercito brasileiro, formando três divisões das Waffen-SS nazista. Uma delas, a Handschar SS, massacrou 90% dos judeus da Bósnia.
Numa de suas ações mais bem sucedidas nos Balcãs as SS muçulmanas de al-Husseini capturaram 5 mil crianças judias. Himmler planejou trocá-las por 20 mil prisioneiros de guerra alemães. O Grão-mufti insistiu que elas deveriam ser mandadas para as câmaras de gaz na Polônia. Sua santa vontade foi satisfeita.
O Grão-mufti montou em Berlin uma escola especial para oficiais alemães da SS para ensiná-los a lidar com os recrutas muçulmanos. Himmler agradecido montou uma escola em Dresden para treinamento de mulás. Sauberzweig, um comandante de divisão SS, chegou a dizer que “os muçulmanos estão começando a enxergar em nosso Führer a aparição de um segundo profeta”.

As sementes da guerra santa que o Kaizer Wilhelm II lançou, regou e financiou não poderiam ser mais bem colhidas que no 11 de Setembro e suas consequencias.

Gorbatchov e a Ameaça Nuclear

Mais de vinte anos se passaram desde o fim do império soviético. Uma das mais fascinantes experiências sociais da História tanto pela velocidade de instalação quanto de dissolução, pela extensão, poder alcançado e paixões que despertou.

Tantos anos depois e com tantos trabalhos publicados ainda não existe consenso sobre o que levou ao fracasso e à queda rápida e definitiva dos regimes socialistas. No ano das revoluções décadas ruíram em semanas. Há algumas razões comumente aceitas:
  1 A natureza totalitária dos regimes.
  2 A imensa burocracia centralizadora e paralisante.
  3 O secretismo dos regimes.
  4 A queda dos preços do petróleo na década de 80 que sustentava a economia da Rússia.
  5 As enormes dívidas externas dos países satélites.
  6 A desastrosa guerra no Afeganistão.
  7 A enorme extensão territorial e diversidade dos componentes.
  8 O atraso tecnológico em relação ao Ocidente.
  9 A corrida armamentista.
10 A velocidade nas reformas da Perestroika.

O melhor entendimento só virá com o tempo, duas décadas em termos históricos não é nada.
Uma coisa é certa. A figura central e simbólica deste processo é Mikhail Gorbatchov. É justamente em 25 de dezembro 1991 o dia de sua renúncia como líder do regime que se fixou a data do fim do império soviético.
Gorbie despertou e desperta opiniões contraditórias. Não poderia ser diferente tamanha a magnitude de suas decisões e suas conseqüências. Dos personagens principais envolvidos nenhum tem a trágica grandeza humana dele. E não foram poucos nem pequenos.
Margareth Thatcher, Ronald Reagan, Lech Walesa e o papa João Paulo II. A filha de um dono de mercearia, um ator canastrão, um eletricista desempregado e um padre ex-guerrilheiro assumiram dramáticas dimensões que mudaram o destino da Humanidade. Mas nenhum deles com a complexidade e a coragem moral de Gorbatchov.

O desastre de Chernobyl é um dos fatos marcantes neste processo.
A explosão às 1h23m do sábado 26 de abril de 1986 no reator 4 da usina nuclear em Pripyat na Ucrânia iniciou o maior desastre atômico da História.
A cúpula da sala do reator foi pelos ares, chamas e partículas de grafite altamente radioativas foram lançadas a 1.200 metros de altura. A primeira explosão liberou níveis de radioatividade dez vezes maiores que a bomba de Hiroshima. Quatro segundos depois outra explosão demoliu duas paredes da usina. A nuvem radioativa começou a se espalhar pelo continente à partir da Europa Central, a contaminação chegou à Escandinávia. O incêndio na usina se prolongou por dias.

Níveis de radiação de 6 a 150 vezes maiores que o normal foram detectados a milhares de quilômetros do epicentro da explosão. Em três anos centenas de pessoas morreram de câncer e leucemia e muitas mais nas décadas seguintes. A cidade e a região ficaram devastadas e permanecem completamente abandonadas. Mutações genéticas acontecem até hoje.
Chernobyl foi o Armagedon localizado que imprimiu em Gorbatchov a dimensão do que seria o Apocalipse nuclear se a corrida armamentista fosse até às últimas conseqüências. Isso o marcou definitivamente.

Algum tempo depois do acidente Gorbatchov participava de um exercício simulado.
Na sala de jogos de guerra estava o alto comando político e militar soviético. Durante o exercício chegou o momento  de reagir a um ataque americano. Um enorme painel emitia sinais de aviso: mísseis nucleares foram disparados contra a União Soviética. Gorbatchov não reagiu.
O tempo passava. O painel disparava dramaticamente informações sobre a direção, velocidade, posição e aproximação dos mísseis. Os minutos se passavam a tragédia era iminente.
Todos olhavam para Gorbatchov. Mais informações eram emitidas pelos painéis, mais luzes de alerta piscavam, mais sinais sonoros estridentes disparavam.

Todos olhavam para Gorbatchov e para o botão que ele deveria apertar para retaliar o ataque.
- Não. Não vou apertar este botão. Nem mesmo para fins de treinamento.
Thanks Gorbie.

Drones. Você ainda vai ter um.

Barack Obama em discurso nesta quinta-feira 25.05.13 na Universidade Nacional de Defesa em Washington fez sua mais extensa defesa do uso dos Drones os aviões não-tripulados.
Só no Paquistão foram mais de 360 ataques, no Iêmen mais de 50 missões. Quarenta por cento das vítimas são civis, mulheres e crianças. 

A milhares de quilômetros, na Base Área Hancock, o coronel D. Scott Brenton pilota remotamente um drone, dispara e atinge seu alvo a milhares de quilômetros no Afeganistão ou no Paquistão. Depois do trabalho ele sai da sala escura e volta casa a tempo de ajudar na lição de casa dos filhos.
Ele diz - Havia boas razões para matar as pessoas que matei.

O conceito de Contrato Social que Hobbes tratou é simples. Os homens para se proteger mutuamente abrem mão de parte de seu poder e de sua liberdade e a entregam ao Estado que passa a deter entre outras coisas a prerrogativa da Violência.
O barateamento e amplo acesso à tecnologia está trazendo de volta para os indivíduos a violência que até pouco tempo era prerrogativa exclusiva do Estado.

Há cerca de cinqüenta países, Brasil inclusive, produzindo drones militares. Aviões e helicópteros não tripulados desde os mais simples aos mais sofisticados. Desde os mini com 20 cm que os britânicos usam para reconhecimento no Afeganistão, aos que cabem no porta-malas de um carro até aos maiores do tamanho de aviões de caça.
Há laboratórios desenvolvendo drones super-micros como o carro-elétrico da Toyota que precisa de lente de aumento para ser visto.
Para bombardear países, caçar terroristas à distância, para fazer vigilância nas ruas ou monitorar favelas há um drone específico.
A má notícia é que você vai estar cada vez mais sendo vigiado.
A boa notícia é que um deles cabe, ou vai caber, em seu orçamento.

Se você está pensado em eliminar um rival, explodir a casa de alguém, bombardear um partido, um templo ou um estádio seus problemas acabaram.
Se um destes drones letais estiver acima de sua conta bancária, não se preocupe. Faça um em casa.
Você não sabe como fazer?
Isso também isso não é problema para seus impulsos terroristas. Visite o site Do It Yourself Drones – Faça Você Mesmo seu Drone  –  www.diydrones.com .
Você vai encontrar um drone para chamar de seu, vai poder escolher o modelo que mais se adéqua a seus objetivos. Você vai descobrir que explodir a casa de alguém, sem deixar rastros, pode ser tão fácil quanto montar um aeromodelo. Você já pode dormir tranquilo.

Você pode começar com um modelo mais simples e barato como o ArduCopter, que tem telemetria de solo, GPS, controle de câmeras, software embarcado, decola e pousa automaticamente e faz missões de ida e volta com dois cliques. Dê uma olhada nesta gracinha em
www.youtube.com/watch?v=AD3KVra6RrA&feature=player_embedded

Levante dessa poltrona, deixe de lado a preguiça e acorde o Bin Laden que existe em seu coração.
Em casa, no shopping, na pizzaria, na praia, no parque, anonimamente, a partir de seu laptop, tablet ou iphone, como se estivesse jogando um game, você já pode espalhar uma devastação antes reservada a equipes militares organizadas.
Faça como Obama, não espere mais, seus problemas acabaram.


Mais sobre a violação dos direitos internacionais na Guerra Limpa dos Drones em:
www.camaracorrea.com/2012/08/a-guerra-limpa-dos-drones.html

O General Dançou

‎O bailarino americano David Hallberg ocupa desde 2011 o papel principal e a direção do corpo de baile do tradicionalíssimo teatro russo Bolshoi. Alguém ousaria pensar nisso há alguns anos atrás?

David entrou para o Bolshoi exatamente quando se completaram 50 anos da gravíssima crise do Checkpoint Charlie em Berlin. Em 27 de outubro de 1961 tanques soviéticos e americanos apontaram seus canhões uns para os outros. O Muro de Berlim havia sido construído semanas antes dividindo a cidade em um lado oriental e um lado ocidental. A crise começou quando forças do bloco soviético impediram a entrada no setor oriental de um oficial americano. Ele queria entrar para ir ao teatro.

O general Lucius Clay assessor pessoal de Kennedy ordenou que os tanques americanos se posicionassem na fronteira e apontassem os canhões. O bloco soviético reagiu e posicionou os seus. Trinta tanques em Berlin ficaram frente à frente no meio da cidade. Soldados dos dois lados da fronteira apontaram suas metralhadoras. União Soviética e Estados Unidos ficaram com armas apontadas diretamente um para o outro, com o dedo no gatilho.

Krushov o premier soviético e o presidente Kennedy usaram pela primeira vez o telefone vermelho direto entre o Kremlin e a Casa Branca. Num balé orquestrado pelos dois os tanques foram recuando. Recuaram dez metros. A crise se dissolveu. 
Alguns anos depois, exatamente no aniversário da crise, os russos convidam um americano para entrar e assumir o primeiro lugar no Bolshoi. A Arte é e será sempre a redenção humana definitiva.

Piadas Soviéticas 2

A onda da Ostalgie está trazendo de volta ao mercado antigos produtos da era soviética como café apenas com pó de malte e barras de chocolate sem cacau.
Restaurantes de "comida comunista" estão sendo inaugurados e por mais bizarro que  seja já existe à venda fumaça de Trabbie enlatada. 
Abre-se a lata e sente-se aquele cheiro horrível que o carrinho - agora um ícone ossie - espalhava pelas ruas. Até corridas estão sendo disputadas, pasme nos EUA, apenas com eles na pista. Louis Althusser certamente teria algo a dizer sobre Incorporação mas isso já é outro papo.

Afinal parece que o filme de Wolfgang Becker já continha uma semente dessa nostalgia ao se despedir de LêninNaturalmente o humor mortalmente sarcástico do período está sendo relembrado.

- É verdade que o marxismo-leninismo é científico?
- Não, se fosse teria sido testado primeiro em animais.

- O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. E o comunismo?
- É exatamente o contrário.

- O capitalismo está à beira do precipício, mas o comunismo vai ultrapassa-lo.

Durante o gélido inverno na Romênia, com temperaturas muito abaixo de zero, o camarada Ceausescu impôs um racionamento de energia em que só era permitido aquecer a casa duas horas por dia. Perguntava-se em Bucareste,
- O que é mais frio que água fria? 
- Água Quente.

Depois do acidente nuclear de Chernobyl e da imensa radioatividade liberada surgiu esta: 
- Quantos russos são preciso para se substituir uma lâmpada? Nenhum, todos eles brilham. 

- É verdade que metade do Comitê Central do Partido Comunista são idiotas? 
- Não isso é falso. Metade do comitê não são idiotas. 

- Brezhnev exige que a Roscosmos, a agencia espacial russa, ultrapasse a Nasa e que astronautas russos pousem no Sol. 
- Mas camarada, eles irão se incendiar. 
- Então faça o pouso durante a noite. 

Um novo condenado chega ao campo de prisioneiros. Alguém lhe pergunta, 
- A quantos anos foi condenado? 
- Vinte e cinco anos. Mas sou inocente. 
- Não tente me enganar. Inocentes só pegam cinco anos.

- Vovó, Lênin era bom? 
- Sim, meu netinho, era bom. 
- E o Stalin era mau? 
- Era sim, meu netinho, era mau. 
- Vovó, o Khruschev é bom ou mau? 
- Assim que ele morrer, saberemos. 

Dizia-se que Lênin mostrou como se pode dirigir. Stalin mostrou como se deve dirigir. Khruschev mostrou que qualquer idiota pode dirigir. Brezhnev mostrou que nem todo idiota pode dirigir. 

Na Russia se dizia que o país tinha sete safras agrícolas por ano.
- Impossível disse um agrônomo ocidental.
- Temos a safra russa, depois a húngara, a alemã, a polonesa, a búlgara, a tcheca e a romena.

Brezhnev começa a enumerar as conquistas do Plano Quinquenal numa assembléia do partido. 
- Na Ucrânia foi construída uma usina elétrica. 
Ouve-se uma voz no salão, 
- Acabei de vir de lá. Não existe nenhuma usina elétrica nova. 
Brezhnev continua: 
- Na Geórgia foi construída uma indústria química. 
A mesma voz, 
- Estive lá a semana passada. Não havia nenhuma fábrica. 
Brezhnev não se contêm, 
- O camarada deveria parar de viajar e ler mais os jornais.

Alguém morre e vai para o Paraíso e lhe perguntam a ele se há algo que ele gostaria de ver antes de entrar. Ele pede para ver como é o inferno e lá vê um lago de lama escaldante e dentro dele Hitler e Stalin. Hitler está com lama até o nariz e Stalin até a cintura. 
- Por que o Stalin está com lama só até a cintura? 
- Stalin está em cima dos ombros de Lênin. 

Durante exercícios militares entres as forças armadas cubanas e soviéticas um capitão soviético dirige-se a um dos seus soldados e ordena: 
- Soldado Ivanov. 
- Sim meu capitão. 
- Espete a baioneta no pé direito
O soldado cumpre a ordem e continua em sentido sem mexer um único músculo. 
- Não te queixas Ivanov? 
- Não meu capitão. 
- Porque? 
- Porque o meu glorioso exército através de heroicos exemplos ensinou-me a suportar a dor.
O oficial cubano não se abala e vira-se para sua tropa. 
- Soldado Perez. 
- Sim, meu Capitão. 
- Espete a baioneta no pé direito.
O soldado cumpre a ordem e continua em sentido sem mexer um único músculo. 
- Não te queixas Perez? 
- Não, meu Capitão. 
- Porque? 
- Porque o meu glorioso exército distribuiu botas 47 e eu calço 42.

Em Cuba um camarada adormece durante um discurso de Fidel. Nisso passa um rato e um dos presentes grita: 
- Mata-o, mata-o!
O que estava dormindo desperta sobressaltado e grita, 
- Mata o irmão também!

Fidel visita uma pocilga e vendo uma porca comenta: 
- Seguramente ela irá parir dez porquinhos.
Um mês depois, a porca tem apenas seis porquinhos. O administrador da pocilga informa que foram sete. O chefe do setor informa que ela pariu oito. O governador provincial informa ao ministro que nasceram nove. E este informa a Fidel que a porca pariu dez porquinhos. 
Fidel ordena repartir os porquinhos: seis porquinhos para o turismo e quatro para consumo popular. 

Um turista espanhol em Havana encontra um cubano. O cubano pergunta: 
- Você é católico?
- Eu acredito, mas não pratico. E você, é comunista?
- Eu pratico, mas não acredito. 

Qual é o maior país do mundo? 
Cuba por que tem o território no Caribe, o exército em Angola, o governo em Moscou e a população em Miami. 

Brezhnev está fazendo um discurso na Praça Vermelha.
- E a partir de agora temos de fazer mais sacrifícios.
Ouve-se uma voz na multidão, 
- Trabalharemos o dobro.
Brezhnev continua.
- E haverá menos alimentos.
A mesma voz: 
- Trabalharemos o triplo.
Brezhnev prossegue: 
- E as dificuldades vão aumentar.
- Trabalharemos o quádruplo!
Brezhnev vira-se para Andropov, 
- Quem é esse idiota que vai trabalhar tanto?
- O coveiro.

Durante um racionamento na II Guerra militares alemães estão em um abrigo subterrâneo fazendo fila para receber alimentos. Um deles empurra todo mundo e fura a fila. Foi preso, era um espião soviético infiltrado. 

O telefone toca na Lubianka sede da KGB. 
- Estou ligando para denunciar Pavel Ivanovitch como inimigo do povo. Ele está escondendo diamantes roubados entre a lenha da casa. 
No dia seguinte agentes da KGB invadem a casa de Pavel, procuram os diamantes no galpão e quebram cada pedaço de madeira. Não encontram nada. À noite ele se encontra com o vizinho Piotr que lhe pergunta, 
- Estiveram lá? Cortaram sua lenha? 
- Sim. 
- Então agora é sua vez de ligar. Eu preciso que minha horta seja arada. 

Honecker o presidente da DDR, a Alemanha Oriental, comenta com Markus Wolf comandante da Stasi a temida e onipresente policia secreta do estado:
- Meu hobby é guardar as piadas que fazem sobre o regime.
Markus responde,
- O meu é parecido, eu gosto de guardar os que fazem essas piadas.

Gorbatchov está fazendo uma palestra para um destacamento de mulheres do Exército Vermelho. 
- Estou preocupado com a reputação das mulheres russas no exterior. Mais um bordel está sendo inaugurado em Berlin. 
As mulheres todas se levantam e começam a sair da sala.. 
- Calma ele só será inaugurado no próximo mês. 

Um juiz sai rindo de um tribunal. Um colega diz, 
- O que houve? 
- Acabei de ouvir uma piada ótima. 
- Conta. 
- Não posso, acabei de condenar o rapaz a dez anos de prisão. 

Duas tripulações uma americana e uma soviética pousam juntas na lua. 
Horas depois os americanos relatam à NASA que os soviéticos pintaram a superfície de vermelho e retornaram à Terra.. 
- Ótimo. Agora escrevam por cima com tinta branca em letras bem grandes: Coca-Cola. 

Numa rua há duas lojas uma em frente da outra. Numa está escrito Carne na outra Peixe. Uma mulher entra na loja onde está escrito Peixe e pergunta, 
- Vocês não têm carne? 
- Não, responde o balconista, o que nós não temos é peixe, quem não tem carne é aquela loja ali em frente.

Um judeu é chamado ao Partido. O Secretário Regional pergunta-lhe sua opinião sobre a questão hebraica na URSS.
- Concordo inteiramente com o editorial do Pravda sobre o assunto. 
O Secretário Regional insiste,
- Sim, claro, conhecemos a sua lealdade com o Partido, mas qual sua opinião pessoal sobre o assunto?
- Honestamente não tenho mais nada a acrescentar. 
- Mas com certeza que você tem a sua própria opinião, a sua opinião pessoal. 
- Sim camarada Secretário claro que tenho uma opinião pessoal. Mas não acredito nela!

O simpático Trabant produzido na Alemanha Oriental com tecnologia dos anos 30 era feito de uma mistura de plástico com papelão, queimava gasolina misturada com óleo e por onde passava deixava um cheiro horroroso. Custava o salário médio integral de três anos de trabalho, tinha um fila de espera de oito anos e depois da Reunificação valia pouco mais que nada. 
- Como se faz para dobrar o valor de um Trabbie? 
- Fácil, encha o tanque de gasolina. 

Os dois jornais mais importantes da URSS eram o Pravda (Verdade) e o Izvestia (Notícias).
Dizia-se que V'Pravde nyet izvestiy a v'Izvestiakh nyet pravdi. Não há izvestia no Pravda, nem pravda no Izvestia.

Um soviético conta porque tinha passado quinze anos preso na Sibéria.
Na primeira vez o Comissário Político da fábrica me contou que o enterro de Lênin tinha custado milhões de rublos. Eu disse, 
- Com todo esse dinheiro dava para ter enterrado Lênin, todo o Politburo e quase todo o Partido.
Fui condenado a cinco anos para reeducação.
Quando voltei tratei de calar a boca trabalhar como um louco e me inscrevi no Partido. Um dia apareceu o Comissário, 
- Camarada, eu não lhe vi na última reunião do partido. 
- Se eu soubesse que era a última teria ido. 
Fui condenado a mais cinco anos.
Quando voltei passei, além de trabalhar como dois loucos, a comparecer a todas as reuniões do Partido e cobri as paredes de meu apartamento com as fotografias dos membros do Politburo. 
Um dia o Comissário passou lá em casa. 
- Ah, muito bem camarada. Vejo que agora você é um bom cidadão soviético e respeita seus líderes. Mas, espere um pouco. O que a foto deste porco está fazendo aí? 
- Porco? Qual deles? 
Passei mais cinco anos.

Em Budapeste um húngaro comenta com outro,
- Vistes os jornais?
- O que houve?
- Um homem inocente foi condenado a dez anos de cadeia.
- Isso é uma absurdo! Já vi inocentes serem condenados a cinco anos, mas a dez é demais.

Aconteceu no fim de 1984. O presidente François Mitterand visitou Moscou acompanhado por alguns senadores franceses. Gorbatchov tinha uma reunião com eles e chegou um pouco atrasado ao Kremlin. Entrou na sala afobado, sentou-se à mesa e pediu desculpas pelo atraso.
- Estava tentando resolver um problema na agricultura soviética. 
O senador Claude Estier se espanta com a notícia e pergunta,
- Quando começou este problema? 
- Em 1917.

Piadas Soviéticas 1

Ostalgie é um neologismo alemão para a nostalgia do Ost. Lembranças da vida difícil mas estável nas antigas repúblicas do Leste Europeu. Vale lembrar do humor típico destas piadas da época da Guerra Fria.

Stalin e Pedro, O Grande, se encontram-se no outro mundo:
- Diz-me Stalin, em que estado é que deixastes a Mãe-Rússia ?
- A Rússia é uma grande potência, temida e respeitada pelos seus inimigos, tal como tu antes de mim a deixastes.
- E o exército e a polícia secreta ?
- Continuam fortes e poderosos.
- E os batalhões dos cossacos ?
- Em forma como antes.
- Muito bem! E as torres do Kremlin ?
- Estão em perfeito estado.
- E a vodka ? Continua a 38 % ?
- Não, agora está a 40% !
- Então explica-me lá uma coisa, será que por causa de 2 miseráveis graus era necessário fazer aquela carnificina toda ?!

Stalin decide inspecionar os aviários da Ucrânia. Chegando ao primeiro pergunta ao administrador quanto ele gastava por dia com alimentação por galinha.
- Cinco rublos, grande Camarada
- Muito bem, respondeu Stalin, esse foi o valor estabelecido pelo Plano.
- E o que é que lhes dão de comer?
- Uma ração à base de trigo, grande Líder
- TRIGO???!!! - explodiu Stalin - com a falta de trigo que existe no país você está dando trigo às galinhas?! Béria, leve-o a julgamento por sabotagem!
E partiu furioso. No segundo aviário repete-se o diálogo:
- Quanto gasta uma galinha por dia em alimentação?
- Cinco rublos, ilustre Camarada.
- Muito bem, e o que é que elas comem?
- Uma ração à base de milho, grande Líder
- MILHO?! - explodiu Stalin - com a falta de milho que existe no país você está dando milho às galinhas?! Béria, prenda imediatamente este inimigo do povo!
A notícia se espalha e os restantes administradores não sabem mais o que dizer.
No aviário seguinte Stalin faz as mesmas perguntas,
- Quanto gastam por dia com a alimentação de uma galinha?
- Cinco rublos, grande Líder.
- Ótimo, e o que é que você lhes dá de comer ?
- Eu?! Eu não lhes dou nada, cada uma pega seus cinco rublos e vai à rua comer o que quiser.

Três prisioneiros num gulag discutem o motivo que os levaram para o campo de trabalhos forçados. 
O primeiro diz:
- Estou aqui porque eu sempre chegava 5 minutos atrasado no trabalho. Fui acusado de sabotagem.
O segundo explica:
- Eu chegava sempre 5 minutos adiantado. Me acusaram de espionagem.
- Eu sempre chegava na hora. Fui acusado de ter um relógio ocidental. 

A mãe de Kruschov vai visita-lo em Moscou. Ele lhe mostra o escritório enorme e luxuoso.
- É aqui que trabalho.
Ao fim do dia leva-lhe para casa numa limousine,
- Este é meu carro.
Ao chegar numa mansão diz-lhe,
- Esta é minha casa.
No fim de semana leva a mãe para sua dacha.
- Esta é minha casa de campo.
A mãe começa então a chorar.
- Por que choras mamãe? Achas que vivo mal?
- Não meu filho, vives muito bem. Estou preocupada por que os comunistas podem lhe tomar tudo.

Stalin, Kruschov, Brejnev e Gorbatchov estão viajando de trem, quando de repente o vagão para. Stalin é o primeiro a colocar a cabeça para fora da janela e grita:
- Fuzilem o maquinista.
Como o trem continua parado, Kruschov grita:
- Reabilitem o maquinista.
Como nada acontece Brejnev sugere:
- Camaradas, vamos descer as cortinas, ligar a vitrola e fazer de conta que estamos nos movimentando.
Finalmente Gorbatchov diz:
- Camaradas, vamos descer e empurrar.

Lavrenti Béria chefe do NKVD e hábilíssimo interrogador passava um fim de semana na dacha de Stalin. Em determinado momento Stalin procura mas não acha o cachimbo.
- Béria me ajude a procurar meu cachimbo.
Procuram por toda a dacha mas não acham. O fim de semana chega ao fim e Béria volta a Moscou.
No fim de semana seguinte Béria esta de volta à dacha. Stalin diz,
- Béria lembra do meu cachimbo? Achei-o estava entre as almofadas do sofá.
- Impossível Grande Líder já tenho mais de duas confissões assinadas!

Dois soldados um russo e um polonês encontram um tesouro em moedas de ouro nos escombros da guerra. O russo diz,
- Vamos dividir este tesouro como dois irmãos socialistas.
O polonês responde,
- Nada disso, vamos dividir meio a meio

Putin sonha com Stalin e lhe pergunta
- Como governar a Rússia grande Líder?
Stalin responde:
- Mate todos os inimigos e pinte o Kremlin de azul
- AZUL? Se espanta Putin.
Stalin solta uma gargalhada:
- Eu sabia que você não ia perguntar sobre a primeira diretiva!

Putin e Medvedev acordam com a maior ressaca. Putin pergunta a Medvedev:
- Quem de nós é hoje presidente e quem é premiê?
Medvedev responde:
- Eu me esqueci, mas pode ser que eu seja premiê.
Putin retruca:
- Então vá você pegar a vodka.

O partido pró-Kremlin Rússia Unida escolhe seu candidato à presidência. Para Medvedev votaram 478 delegados. Somente um votou contra, o próprio Medvedev. Por estar com medo.

No período das eleições dois amigos em Moscou discutiam política.
- Vais votar em Putin?
- Não vou votar em Putin, e você?
- Estou cansado dos dois vou votar em Putin.

O próprio Gorbachov contou esta piada na BBC,
Um homem em Moscou que está irritado numa fila de comida diz para um amigo:
- Chega! Vou matar esse Gorbachov!
E sai determinado em direção ao Kremlin. Duas horas depois, o homem volta à fila. O amigo pergunta:
- E aí? Acabou com ele?
- Não. Lá tinha uma fila ainda maior que esta.

E last but not least, 
Margaret Thatcher compareceu ao funeral de Yuri Andropov que comandara a URSS por apenas quinze meses. Como Konstantin Chernenko de 72 anos foi escolhido o sucessor, Maggie teria telefonado para Ronald Reagan: 
- Você deveria ter vindo ao funeral, Ron. Eles fizeram tudo muito bem. Com certeza vou voltar no ano que vem. 
E voltou mesmo, treze meses depois, para o funeral de Chernenko.
Em tempo: Maggie era conhecida como Tina Thatcher pois ao defender suas decisões no Parlamento repetia sempre,
- There Is No Alternative.