Surpresas Luteranas

Sampa não para de me surpreender. 

O Brasil tem duas igrejas luteranas principais, a IECLB, Igreja Evangélica da Confissão Luterana do Brasil e a IELB, Igreja Evangélica Luterana do Brasil. A primeira é vinculada a igreja alemã e a segunda ao Sínodo do Missouri, Estados Unidos. Pertenço a esta última. Ambas são muito frequentadas por descendentes de alemães, principalmente a IECLB.

Notei que próximo de minha casa há uma congregação da IECLB. Como as duas igrejas têm protocolos em comum resolvi aparecer por lá e me apresentar como membro da IELB. Resolvi fazê-lo por questões práticas, para uma eventualidade em que eu não possa ir até a minha congregação que é bastante mais distante. Fui e quando cheguei o culto, a missa, acabara de terminar. 

Começaram as surpresas, na igreja só havia japoneses. Acostumado a ver igrejas luteranas serem frequentadas por brasileiros e descendentes de alemães, cheguei a duvidar que tivesse entrado numa igreja luterana. Teria entrado num tempo budista? Olhei para a igreja com mais atenção. Não havia dúvida era luterana mesmo.

Segunda surpresa, o pastor Sato não fala português. Muito gentil ele procurou, com alguma dificuldade, alguém que pudesse se comunicar comigo. Finalmente encontrou uma senhora. Simpaticíssima ela me explicou que os cultos apenas em japonês eram aos domingos às 10:30 hs  e me convidou para fazer uma visita no próximo domingo. Sorri e agradeci. Ela entendeu e me disse que como tem dificuldade de ler em japonês acompanha o culto uma bíblia em português, que eu poderia fazer o mesmo.

Fiquei imaginando o impacto cultural que deve ser para um japonês pertencer a uma igreja cristã e de ideologia alemã. Principalmente considerando que os japoneses historicamente se consideram uma raça divina, a única raça divina da humanidade. Diferentemente dos alemães que se consideram apenas uma raça superior. 

A piada é inevitável. Não deixa de ser um grande progresso para a Igreja Luterana, tradicionalmente frequentada por membros de uma raça superior estar sendo frequentada por uma raça divina.