Certa vez na Alemanha eu tinha ido a uma reunião de trabalho em Mönchengladbach. Quando a reunião terminou eu estava cansado. Para casa eram pouco mais de 700 quilômetros, o que mesmo correndo seriam umas cinco horas de viagem. Mesmo assim fui para a estrada, daria para chegar em casa por volta da meia-noite.
Depois de rodar uns 60 quilômetros senti que estava cansado demais para dirigir com segurança e decidi procurar um hotel para passar a noite. Estava nas proximidades de Hürth-Hermülheim, entrei na cidadezinha e parei no primeiro hotel que encontrei. Quando entrei achei o hotel muito estranho. Tudo na recepção era vermelho, absolutamente tudo. Até a recepcionista estava vestida de vermelho.
Ela notou minha estranheza e sorriu. Eu também sorri e antes de perguntar se havia vagas perguntei por que tudo ali era vermelho. Ela apontou para uma bandeira da Ferrari. Prestando atenção notei que a decoração só tinha motivos Ferrari. Havia fotos, miniaturas, flâmulas, catálogos, revistas. Fiquei intrigado de ver isso não na Itália mas na Alemanha. Perguntei o motivo de tamanha fascinação, o dono era um tifosi? Ela sorri e pergunta:
- Não sabe quem nasceu aqui?
- Não, quem?
- O Schumi.
Levei alguns segundos para relacionar que sendo o Michael Schumaker piloto da Ferrari fazia algum sentido todo aquele orgoglio rosso, a decoração tinha a ver mais com ele do que com o Commentatore.
Enfim não havia vaga, o hotel estava cheio. Mas a menina me vendo de paletó e gravata, naquele horário, com
cara de cansado, resolveu ajudar. Depois dela fazer varias ligações para
outros hotéis, todas infrutíferas, notando minha cara de desespero, ela pergunta se eu me importava de me hospedar num spa. Disse que não,
que só queria jantar, tomar um banho e dormir.
Resolvido. Ela ligou para o tal spa, fez reserva e me deu um
mapinha. Agradeci muito e ela disse que na próxima
vez eu ligasse antes, que ela teria prazer de me reservar um quarto sehr rot. Rimos e nos despedimos.
Fui para o spa. A Alemanha
é repleta de spas de todos os tipos. Pela legislação trabalhista
alemã há uma quantidade fixa e bastante razoável de dias permitidos para se
usar como licença médica sem justificativa. Os alemães juntam todos estes
dias e tiram férias adicionais em um dos muitos spas do país que se
multiplicaram por conta disso.
Cheguei, estacionei e fui direto para a recepção. O recepcionista já me esperava, os procedimentos foram rápidos, perguntei se o restaurante do hotel ainda estava
funcionando, ele disse que sim, perguntei onde ficava pois estava faminto e iria imediatamente para lá. Ele me olha espantado,
– O senhor vai assim?
–
Assim como?
– De paletó e gravata.
– Sim, algum problema?
– Não, o senhor é quem sabe.
Saí da recepção, abri uma porta imensa e
entrei diretamente no spa. Havia muitas pessoas, homens, mulheres, velhos e
crianças. Tomei um susto enorme.
Todos me olhavam espantadíssimos. Homens, mulheres e crianças estavam todos absolutamente nus. Não havia nenhuma pessoa minimamente vestida. Era um spa de nudismo.
Todos me olhavam espantadíssimos. Homens, mulheres e crianças estavam todos absolutamente nus. Não havia nenhuma pessoa minimamente vestida. Era um spa de nudismo.
Fui direto para o restaurante, sentei-me e fui atendido por uma eva-garçonete que estava tão espantada
quanto eu. Afinal eu não estava vestido, digo despido, de
acordo.
Pensei em tirar a roupa ali mesmo, perguntei se poderia fazê-lo, ela disse que sim, que eu ficasse à vontade e me perguntou se queria ajuda. Pensei duas vezes. Como iria explicar para minha mulher que eu tinha jantado depois de uma garçonete bonita ter me ajudado a fazer um striptease?
Pensei em tirar a roupa ali mesmo, perguntei se poderia fazê-lo, ela disse que sim, que eu ficasse à vontade e me perguntou se queria ajuda. Pensei duas vezes. Como iria explicar para minha mulher que eu tinha jantado depois de uma garçonete bonita ter me ajudado a fazer um striptease?
Preferi enfrentar os olhares de reprovação
dos outros hóspedes. Nunca me senti tão desconfortável em um restaurante.