Este domingo fui assistir um culto, uma missa, numa igreja luterana, próximo daqui de casa. Na Liberdade em Sampa. Uma igreja pertencente a IECLB que tem protocolos de comunhão com a minha igreja a IELB, ambas luteranas. Enfim, sem entrar em detalhes técnicos, uma igreja que posso frequentar e onde me sentir familiar.
A diferença é que esta igreja específica é de uma comunidade de japoneses na Liberdade em São Paulo, e aos domingos pela manhã o culto é falado em japonês. Mas foi exatamente por isso que fui, por pura curiosidade estética. Como seria um culto cristão, de origem alemã, numa comunidade de japoneses?
Não notei grandes diferenças, o ambiente era muito familiar. Na igreja os símbolos, a disposição do altar, as cores dos paramentos eram rigorosamente iguais, como alias não poderia deixar de ser. Havia até mesmo uma foto de Lutero ao lado da estante na entrada, onde normalmente estão as bíblias e os hinários que ficam à disposição dos membros.
Na congregação havia sinais prosaicamente familiares do que estou acostumado. Pessoas chegando atrasadas, se atrapalhando no uso do hinário, leitores gaguejando ao fazer as leituras dos textos. Notei que dois adolescentes, visivelmente filhos do pastor, estavam displicentes e distraídos. Mais sintomático ainda era quem tocava o órgão era a mulher do pastor. Não havia dúvidas, eu estava realmente numa igreja luterana. Senti-me em casa.
Foi fácil acompanhar a liturgia. Como na minha igreja, havia um folheto com a ordem do culto com as abreviações dos textos bíblicos e os números dos hinos. Foi só seguir no equivalente em português. Claro que eu lia e acompanhava baixinho em português para não interferir com meus anfitriões. O Pai-Nosso me pareceu ligeiramente maior nas frases centrais. Fiz grandes progressos na língua japonesa, aprendi algumas palavras novas: Páscoa, Paróquia e Amém. Preciso agora descobrir a tradução.
Um detalhe típico da delicadeza japonesa: as cestinhas de vime, que são passadas durante o culto para recolhimento das ofertas em dinheiro, são fechadas na parte de cima por um tecido e têm uma pequena abertura com elástico. Você não vê o quanto seus vizinhos colocaram. Super delicado. Lembrei de Mateus 6,4.
Quando entrei na igreja tinha a expectativa de uma experiência estética, de participar e ouvir em outra cultura, em outra língua, uma liturgia que me é muito familiar.
Quando saí da igreja havia passado por uma experiência muito maior. Tinha sentido de forma prática e direta a fé na Graça em uma cultura completamente diversa. Lembrei de Marcos 16,15.
Thanks Sampa.
Quando saí da igreja havia passado por uma experiência muito maior. Tinha sentido de forma prática e direta a fé na Graça em uma cultura completamente diversa. Lembrei de Marcos 16,15.
Thanks Sampa.