Quem me conhece sabe que não sou muito chegado a animais. Cães e gatos em especial. Seres orgânicos em geral.
Tive um cão quando era garoto. Adorava-o.
Um dia mudamos de cidade, o cão ficou, chorei muito. Minha primeira grande perda, meu primeiro luto.
Trauma ou não o fato é que depois daí nunca mais quis saber nada com pets. O hábito tornou-se natureza e me percebo, e sou percebido, como alguém que não gosta de cães.
Eis que vou passar uns dias na chácara de um amigo. Chegamos lá num fim de semana. Na chácara há quatro cães. Um deles, um rottweiler, negro, imenso, assustador. Boris.
Como ficarei sozinho na chácara durante a semana, o meu amigo prudentemente me “treinou” para ter proximidade com todos os cães.
Principalmente com Boris, o imenso rottweiler.
Superei minha desconfiança, meu medo e principalmente meu nojo. Aprendi a alimentar, brincar, dar carinho e comida diretamente na boca de Boris.
Boris tem dois anos, um adolescente em termos humanos. Enorme, pesado, um pelo negro luzidio belíssimo. Uma boca enorme com dentes perfeitos para uma execução penal.
Aprendi a gostar dele. Foi recíproco.
Boris tem olhos meigos. Imenso, uma força da natureza, belo e assustador como um trovão.
Descobri um afeto novo, dando comida em sua boca, alisando seu corpo enorme, seu pelo macio, falando com ele, brincando com ele. Boris conquistou, reacendeu um ponto qualquer de minha afetividade.
Todas as noites, eu lhe dava aqueles nugets que os cães adoram, alisava seu pelo, me despedia e ia dormir tranquilo.
No dia seguinte Boris era o primeiro a me saudar correndo em minha direção, querendo brincar. A boca imensa, assustadora, uma postura brincalhona, imponente.
Eu descobria algo novo ao me afeiçoar ao Boris. Os dias se passavam, eu me sentia cada vez mais familiarizado com ele. Quem me conhece jamais acreditaria se me visse brincar tão alegremente, tão intimamente e próximo com um cão.
Principalmente meus filhos que adoram cães e nunca aceitaram muito bem que eu não gostasse. Boris um imenso e assustador rottweiler negro quebrara com sua alegria uma barreira enorme.
Um dia acordo e sinto falta de Boris. Ele não estava na chácara.
Nem ele nem nenhum dos outros cães. Eles haviam saído todos pela cerca durante a noite. O caseiro estava a procurá-los pela região.
Fiquei preocupado, Boris era um adolescente desfrutando de uma liberdade nova para ele. Era preciso encontrá-lo. Passei também a procurá-lo.
Não foi preciso procurá-lo por muito tempo. Encontrei o caseiro voltando para a casa. Boris tinha entrado em outra chácara. Uma chácara onde havia outros rottweilers.
Boris, enorme, negro, viu os outros cães, viu o dono da chácara.
Boris é brincalhão, correu para eles.
O homem viu Boris.
O homem estava armado.
O homem puxou o gatilho.
Tive um cão quando era garoto. Adorava-o.
Um dia mudamos de cidade, o cão ficou, chorei muito. Minha primeira grande perda, meu primeiro luto.
Trauma ou não o fato é que depois daí nunca mais quis saber nada com pets. O hábito tornou-se natureza e me percebo, e sou percebido, como alguém que não gosta de cães.
Eis que vou passar uns dias na chácara de um amigo. Chegamos lá num fim de semana. Na chácara há quatro cães. Um deles, um rottweiler, negro, imenso, assustador. Boris.
Como ficarei sozinho na chácara durante a semana, o meu amigo prudentemente me “treinou” para ter proximidade com todos os cães.
Principalmente com Boris, o imenso rottweiler.
Superei minha desconfiança, meu medo e principalmente meu nojo. Aprendi a alimentar, brincar, dar carinho e comida diretamente na boca de Boris.
Boris tem dois anos, um adolescente em termos humanos. Enorme, pesado, um pelo negro luzidio belíssimo. Uma boca enorme com dentes perfeitos para uma execução penal.
Aprendi a gostar dele. Foi recíproco.
Boris tem olhos meigos. Imenso, uma força da natureza, belo e assustador como um trovão.
Descobri um afeto novo, dando comida em sua boca, alisando seu corpo enorme, seu pelo macio, falando com ele, brincando com ele. Boris conquistou, reacendeu um ponto qualquer de minha afetividade.
Todas as noites, eu lhe dava aqueles nugets que os cães adoram, alisava seu pelo, me despedia e ia dormir tranquilo.
No dia seguinte Boris era o primeiro a me saudar correndo em minha direção, querendo brincar. A boca imensa, assustadora, uma postura brincalhona, imponente.
Eu descobria algo novo ao me afeiçoar ao Boris. Os dias se passavam, eu me sentia cada vez mais familiarizado com ele. Quem me conhece jamais acreditaria se me visse brincar tão alegremente, tão intimamente e próximo com um cão.
Principalmente meus filhos que adoram cães e nunca aceitaram muito bem que eu não gostasse. Boris um imenso e assustador rottweiler negro quebrara com sua alegria uma barreira enorme.
Um dia acordo e sinto falta de Boris. Ele não estava na chácara.
Nem ele nem nenhum dos outros cães. Eles haviam saído todos pela cerca durante a noite. O caseiro estava a procurá-los pela região.
Fiquei preocupado, Boris era um adolescente desfrutando de uma liberdade nova para ele. Era preciso encontrá-lo. Passei também a procurá-lo.
Não foi preciso procurá-lo por muito tempo. Encontrei o caseiro voltando para a casa. Boris tinha entrado em outra chácara. Uma chácara onde havia outros rottweilers.
Boris, enorme, negro, viu os outros cães, viu o dono da chácara.
Boris é brincalhão, correu para eles.
O homem viu Boris.
O homem estava armado.
O homem puxou o gatilho.