A praga do politicamente correto está não apenas aumentando tremendamente a intolerância pública, por servir de canal para o que há sempre dela latente nas populações, mas está fazendo uma grande vítima: o Humor.
O próprio Dedé Santana comentou isso, dizendo que está cada vez mais difícil fazer piadas. Ele lembra que chamava coloquialmente o Mussum de negão e este o chamava de paraíba, apesar de cearense, e que hoje nem pensar. Não dá mais para brincar com homossexuais, nordestinos, gaúchos, judeus, padres ou negros.
Piadas étnicas podem levar ao tribunal de Haia. Você ali do ladinho do Radovan respondendo por crime contra a Humanidade. Alias você conhece aquela do bósnio que.., bem deixa prá lá.
Acontece que qualquer pré-candidato a vestibulando de psicologia sabe que o riso é necessariamente uma desrepressão. E quanto maior for a repressão liberada maior a gargalhada.
Ontem por exemplo.
A Organização Internacional do Trabalho publicou um relatório onde mostra que 25,3% de jovens negras no Brasil entre 15 e 24 anos não estudam e não têm emprego remunerado. Uma em cada quatro jovens negras brasileiras não estuda ou não trabalha.
Trabalho e Educação? Imagine quantas piadas sarcásticas passaram pela minha cabeça. Tanto em relação aos quartos de empregadas vazios quanto à educação necessária ao bom desempenho nos mais diversos serviços domésticos.
Você entendeu.
Você entendeu.
Todas absolutamente impublicáveis, impensáveis.
Seria execração na hora, cadeia depois. Fiança e processo. E de nada ia adiantar Heron, Dinha ou Jacy, todas negras, todas ex-namoradas, aparecerem na frente do juiz para me defender.
A rigor, de todos, o humor sarcástico, o cáustico é o mais genuíno por ser o mais brutal ao tocar no proibido, no impensável. O Humor é essencialmente iconoclasta.
Lembro-me de uma charge fantástica do Jaguar mostrando um ceguinho, de óculos escuros, de bengala, vestido com uma bata modelito Grécia Antiga carregando uma placa pendurada no pescoço onde se lia “Amor só de Mãe”.
Uma outra do Henfil, publicada em pleno Natal, em que um Papai Noel, com cara de tarado mostra suas partes íntimas para um grupo de crianças horrorizadas, de cabelos em pé. O bom velhinho lhes pergunta,
– Vocês querem ver o saco do Papai Noel?
Claro que a barreira do mau gosto é o limite.
Limite alias que o Obama ultrapassou vergonhosamente esta semana ao expor a Michelle no programa da Ellen a um trocadilho infame com “go all the way down” da Michelle na Ellen, que é declaradamente lésbica. Se alguém aí tá pensando que ele não fez na entrada mas fez na saída está enganado: ele fez na frente de milhões de espectadores.
No dia-a-dia eu perco o amigo, mas não perco a piada.
Quando um grande amigo me telefonou para contar exultante que a esposa estava grávida eu não resisti e lhe perguntei,
- E você já sabe quem é o pai?
Não perdi o amigo, sou o padrinho da segunda filha do casal. É bem verdade que ele não esqueceu e anos depois me devolveu a piada em dose dupla. Eu ri em dose tripla.
Tive uma namorada que também era de perder o namorado, mas não perdia a piada. Estávamos num grupo apenas de amigas dela e o papo era o quanto era importante para os homens que as mulheres fossem boas de cama. Eu ali servindo de material de pesquisa. A certa altura eu disse que ela era ótima no assunto. Ela me olha espantada com um ar de desaprovação:
- Não diga isso para minhas amigas! Conte para os seus amigos.
Quando um grande amigo me telefonou para contar exultante que a esposa estava grávida eu não resisti e lhe perguntei,
- E você já sabe quem é o pai?
Não perdi o amigo, sou o padrinho da segunda filha do casal. É bem verdade que ele não esqueceu e anos depois me devolveu a piada em dose dupla. Eu ri em dose tripla.
Tive uma namorada que também era de perder o namorado, mas não perdia a piada. Estávamos num grupo apenas de amigas dela e o papo era o quanto era importante para os homens que as mulheres fossem boas de cama. Eu ali servindo de material de pesquisa. A certa altura eu disse que ela era ótima no assunto. Ela me olha espantada com um ar de desaprovação:
- Não diga isso para minhas amigas! Conte para os seus amigos.
Na Alemanha qualquer material relacionado ao nazismo não apenas é proibido como dá cadeia imediata.
Há até um livro interessante com expressões típicas da era nazi que se devem evitar, tais como raça superior, minha luta, solução final, etc.
Há até um livro interessante com expressões típicas da era nazi que se devem evitar, tais como raça superior, minha luta, solução final, etc.
Quando morei lá eu me divertia me fazendo de desentendido, já que estrangeiro, perguntando ao fim de alguma reunião de trabalho:
- Mas qual a solução final (Enderlösung ) para este problema? Ou ainda:
- Minha luta (Mein Kampf) é para fazer o melhor trabalho possível. Ou então:
- Lindo este seu cachorro, é comum ou de raça superior (Überberlegene Rasse)?
Os caras ficavam mais vermelhos que uma wurtz.
Rir de si próprio é ainda mais saudável, melhor ainda se for com ironia ou sarcasmo. Um dos alemães com quem trabalhei se tornou meu amigo. Um belo dia ele faz o gesto da saudação nazista e me pergunta:
- Você sabe o que significa isso?
- Pare com isso Horst, você quer ser preso?
- Sabe ou não sabe?
Então ele repetiu o gesto bem lentamente enquanto dizia:
- Olha só o tamanho da merda que estamos fazendo!
Durante os últimos dias da segunda guerra mundial, faltando dois dias para a rendição incondicional, com os russos às portas de Berlim, bombardeando, saqueando e estuprando apareceu em um dos últimos muros que ainda estavam de pé na cidade em ruínas o graffiti:
Dá- se aulas de russo. Aprenda enquanto é tempo.
Imagine as piadas que se contavam nos tradicionais cabarés da cidade que não fecharam, nem pararam seus shows nem mesmo por um dia. Principalmente por naquele momento tio Adie estava dando umas balinhas de ácido cianídrico para a cadela dele.
Qual? A Blondi é claro.
Se você pensou na Eva é por que entendeu o espírito da coisa. Pode rir, ela também tomou.