Carl Sagan num insight simples e claro falando sobre a formação do universo nos lembra que somos feitos de poeira de estrelas.
Olhando o céu noturno, tentando brincar ou contar a enormidade de nossa solidão vendo o brilho de nossas irmãs, sentimos de que matéria somos efetivamente feitos.
Quando á noite pisamos os astros distraídos lembramos que Bandeira considera que este verso de Orestes Barbosa é o mais belo escrito em língua portuguesa. Tu pisavas nos astros distraída.
A pergunta de Shakespeare continua presente e se mistura nas nossas noites quando lembramos de Próspero na primeira cena do quarto ato d'A Tempestade,
... tal como o grosseiro substrato desta vista, as torres que se elevam para as nuvens, os palácios altivos, as igrejas majestosas, o próprio globo imenso, com tudo o que contém, hão de sumir-se, como se deu com essa visão tênue, sem deixarem vestígio. Somos feitos da matéria dos sonhos.
É nestes sonhos que carregamos a memória primal que nos faz olhar com encanto para o céu estrelado à procura de uma resposta na mesma poeira que nos formou, pisando distraídos em suas sombras aqui nesta terra azul de Gagarin.
Pois se por mares nunca de antes navegados, já passamos ainda além da Taprobana, em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana, certamente será por entre esta poeira que iremos infinitamente procurar a matéria de que são feitos nossos sonhos, de que somos primariamente feitos.
- De que são feitas estas empadas? Estão excelentes!
PS.: pra quem não se lembra a chef também fazia parte de uma gang de criminosos, ela também se ocupava de ocultar cadáveres.