Capital Financeiro

Dados do The Wall Street Journal.
Em 1950, o setor financeiro e segurador nos Estados Unidos representou 2,8% do PIB.
Em 1960 a participação cresceu para 3,8%.
Em 1990 atingiu 6%.
Em 2011 foi de 8,4% do PIB, e está aumentando.

Poucos anos após a crise o setor bate um recorde histórico. Se aproxima o dia em que um  de cada dez dólares estará no capital financeiro, 10% de comissão de intermediação financeira para tocar a economia. Parece excessivamente reducional, mas é exatamente isso. Capital financeiro em última analise é custo. Gera riqueza? Sim, mas é custo.
Em cinqüenta anos mais 5,6% do PIB americano passaram para o setor financeiro. São 750 bilhões de dólares retirados das atividades que produzem bens e serviços de utilidade direta. Equivale a uma Holanda inteira. É a soma dos PIBs da Argentina e da África do Sul. Todo ano. Nada indica que a economia dos EUA seria 6% menos produtiva se tivesse o mesmo sistema financeiro de 1950.


Um sistema financeiro está saudável e equilibrado quando:
Diversifica e dissipa alguns riscos e lida com outros.
- A experiência dos investidores no mercado de ações e imobiliário nas últimas duas décadas aponta na direção contrária.
Associam projetos de investimento sem liquidez a vários fundos distribuindo riscos e rentabilidade.
- Atualmente as próprias empresas emitem obrigações de rendimento.
O crédito serve para se gastar agora uma poupança futura. É assim que funciona comprar uma casa e paga-la em 25 anos.
- Ocorre que o mercado financeiro esta induzindo ao consumo e não à poupança futura. Usando crédito para despesas correntes a população consume além de sua capacidade de pagamento e consequentemente quebra. 


A informatização das transações bancárias facilitaram a vida financeira.
- Mas a automatização não barateou os serviços. Não se repetiu o que na telefonia levou a uma enorme diminuição no custo das ligações.
Um setor financeiro maior e melhor deveria levar a uma melhor governança corporativa.
- Mas a pulverização acionária permite controle efetivo sobre a gestão. Não faltam exemplos de gestão auto-indulgente e temerária. Dirigentes pagos a peso de ouro quebram instituições centenárias aparentemente sólidas. Há setores inescrutáveis dentro do sistema.

A crise financeira de 2008 teve impactos profundos. Apenas nos primeiros nove meses de 2009, 1.046.449 pessoas solicitaram falência pessoal nos EUA. No mesmo período de 2008, esse número foi de 773.810, 41% a mais do que o total registrado em setembro do ano anterior. Quase 20% da população americana está em falência pessoal. Pelos resultados do censo de 2010 o número de pessoas situadas abaixo da linha de pobreza aumentou para 15,1% da população chegando ao recorde de 46,2 milhões de cidadãos. O maior percentual desde 1958. Um em cada seis americanos vive na pobreza. 
Mais do que uma Argentina inteira. Há mais pobres nos EUA que espanhóis na Espanha.

Thomas Philippon da Universidade de Nova York diz que atualmente o setor financeiro americano está super dimensionado em pelo menos dois pontos percentuais do PIB. Isto é, 270 bilhões de dólares estão sendo queimados inutilmente. É mais do que o PIB de Israel, da Irlanda ou de Portugal. São dois Kwait, duas Ucrânia, duas Nova Zelândia. Todo ano. Descendo pelo ralo de Wall Street. 

Analisando as crises recorrentes e bolhas na internet, na área imobiliária e no re-financiamento de orçamentos nacionais desequilibrados conclui-se que atuação do capital financeiro tornou-se temerária e de alto risco. Mais ligada em usar o dinheiro de depositantes, fundos de pensões e de pequenos investidores anônimos na especulação do cassino financeiro global, correndo altíssimos riscos – e faturando as correspondentes altíssimas comissões - do que efetivamente sustentando o crescimento saudável das economias. Mesmo que para isso se quebrem empresas, setores produtivos e países.

O capitalismo financeiro se tornou um predador supranacional, indisciplinável, causando conseqüências genocidas que estão ameaçando a estabilidade do próprio capitalismo.
Um Cronos com sinal invertido, uma espécie de parricida econômico.