Humor Judaico

A contribuição dos judeus para a história da Humanidade é um patrimônio inestimável. Nas artes, na ciência, nas finanças, na economia, na filosofia, na psiquiatria e na religião pouquíssimos povos contribuíram tanto. Mas há algo mais, há algo monumental do cotidiano. O impagável humor ferozmente auto-depreciativo.

Freud analisou a natureza do humor, e do humor judaico, em Chistes e sua Relação com o Inconsciente, um trabalho de 1905 relativamente pouco valorizado.
Ele próprio um judeu, Freud precisou deixar a Áustria durante o nazismo depois da prisão de Anna sua filha. Após o interrogatório, e antes de se exilar na a Inglaterra, ele foi obrigado a assinar para a Gestapo um documento onde dizia que não havia sofrido maus-tratos. Após assina-lo Freud acrescentou de próprio punho: Posso recomendar altamente a Gestapo a todos.

Nesta época em Berlin dizia-se que um judeu estava lendo o Der Stürmer o jornal oficial do partido nazista. A mulher dele vê,
- Está louco? Isso é masoquismo!
- Muito pelo contrário. Nos jornais judeus só há notícias sobre pogroms, perseguições e injustiças. Mas estou lendo aqui no Der Stürmer que nós judeus controlamos todos os bancos, dominamos as artes e que pretendemos dominar o mundo. Isso me deixa muito feliz.

Einstein, também um judeu disse à respeito de sua Teoria da Relatividade: - Se ela estiver certa os suíços dirão que sou um um homem sábio, os franceses dirão que sou um cidadão do mundo e os alemães dirão que sou um alemão; mas se a teoria estiver errada os suíços dirão que sou idiota, os franceses dirão que sou um alemão e os alemães dirão que sou um judeu.

Pérolas judaicas:
- Qual a diferença entre uma esposa cristã e uma esposa judia? A cristã tem orgasmos verdadeiros e joias falsas.
- Qual a diferença entre um judeu e o papai-noel? Papai-noel desce pela chaminé.
- Qual a diferença entre garotos judeus e os escoteiros? Os escoteiros voltam dos campos.
- Pedi a uma mulher qual seu número. Ela levantou a manga da camisa.
- Sabes por que Hitler se matou? Nós lhe mandamos a conta do gás.

Kvetch em iídiche significa aproximadamente reclamar, choramingar, se queixar. Uma palavra com forte influencia cultural e religiosa que reflete o período milenar da Diáspora, o exílio do povo de Israel entre povos e culturas hostis que marcou a língua e o comportamento judaico. William Grimes diz que o Judaísmo é definido pelo exílio e exílio sem queixa é turismo.
Um senhor que está em um trem se queixa,
- Tenho sede, tenho sede. Todos ouvem o kvetch, um passageiro se levanta e dá-lhe um copo d’água. O homem agradece, toma o copo inteiro. O passageiro volta a seu lugar e ouve novamente o kvetch do senhor,
- Eu tinha sede, eu tinha sede.

Um paciente hospitalizado pede ao medico para ser transferido de hospital.
- O que há de errado? A comida não está boa?
- A comida é boa, não posso kvetch, não posso me queixar.
- O problema é o quarto?
- O quarto é bom, não posso me queixar.
- Então é a equipe?
- De forma nenhuma, a equipe é ótima, não posso me queixar.
- Então por que ser transferido?
- Não posso me queixar.

No filme austríaco Die Fälscher - Os Falsários - de Stefan Ruzowitzky há uma cena antológica. Os prisioneiros judeus estão todos reunidos numa sala do campo de Sachsenhausen. Um deles conta a mais feroz piada que conheço do já ferocíssimo humor judaico.
- Vocês sabem por deus não está presente nos campos de concentração? Por que ele não consegue passar na seleção.