A Jihad Alemã

A virtual Jihad - guerra santa - que o Islã promove hoje contra o Ocidente tem raízes profundas e históricas. Uma delas é a pouco estudada e valorizada política de Estado alemã promovida pelo Kaiser Wilhelm II um pouco antes e no começo do século XX.
O Estado alemão planejou, participou e financiou uma guerra santa muçulmana contra o Ocidente.

A Alemanha despontava como nova potência industrial européia e buscava seu lugar entre os impérios estabelecidos, Rússia, Inglaterra e França. O Kaizer apostava em substituir ingleses, franceses e russos no Oriente Médio, Norte da África, parte da Ásia e na Índia.
Wilhelm II também estava de olho na partilha do Império Otomano, o Doente da Europa, que se esfacelava. Os planos do Kaizer alemão eram grandiosos, nada menos que o poder mundial.

Wilhelm II teve a brilhante ideia de promover uma guerra santa dos muçulmanos contra os ingleses, seus maiores rivais. O governo alemão gastou na região muitos trilhões de dólares, em valores atuais, estimulando revoltas e pagando por fatvas dos imãs contra os infiéis ocidentais. A ideia era aproveitar o fato da Alemanha não ter uma presença colonial e que, portanto, tinha as mãos limpas.
O custo desta aventura oriental do Kaizer, a Drang nacht Osten,  custou inacreditavelmente mais do que os Estados Unidos já gastaram na guerra do Iraque e do Afeganistão somado ao que foi gasto nas guerras do Golfo, do Vietnã e da Coréia.

A Alemanha construiu estradas de ferro, lançou milhões de panfletos, distribuiu armas, armou e treinou exércitos. Financiou aventureiros, tribos de beduínos, líderes políticos e religiosos para promover uma revolta árabe contra os ingleses. A ação se estendeu por todo o mundo islâmico até a Índia.
A estrada de ferro Orient Express de Berlim a Bagdá projetada e construída pelos alemães foi parte desta estratégia de fundamentar a presença alemã na região.
Deu tudo errado. A Primeira Guerra Mundial aconteceu como conseqüência de sua política expansionista e o Kaizer foi um dos derrotados. Ecos do conflito e do desmoronamento do império otomano chegaram até a Guerra da Bósnia que terminou em 1995. Paralelamente a Jihad alemã atiçou ódios violentos até hoje. 

Um dos muitos argumentos do Kaiser para a guerra santa alemã era o anti-semitismo em comum com os muçulmanos. Mais tarde isso teria conseqüências devastadoras na guerra a seguir, a Segunda como continuidade e conseqüência da Primeira.
O Grão-mufti Muhammad Amin al-Husseini chamou a atenção de Hitler depois de um pogrom onde aquele havia dizimado toda a população judaica de Bagdá em Junho de 1941. Convidado a ir a Berlin, em 28 de Novembro al-Husseini se reuniu com o Chanceler logo quando começou o planejamento logístico do Holocausto. Ele foi um dos grandes conselheiros de Himmler e Hitler para assuntos judaicos.
Hitler lhe prometeu que era objetivo estratégico da Alemanha “die Vernichtung des im arabischen Raum unter der Protektion der britschen Macht lebenden Judentus”. Nem precisa traduzir para perceber que isso foi música para os ouvidos do Grão-mufti.

Al-Husseini foi fiel as suas promessas.
Em 1944 havia cerca de 100 mil muçulmanos, equivalente à metade do atual exercito brasileiro, formando três divisões das Waffen-SS nazista. Uma delas, a Handschar SS, massacrou 90% dos judeus da Bósnia.
Numa de suas ações mais bem sucedidas nos Balcãs as SS muçulmanas de al-Husseini capturaram 5 mil crianças judias. Himmler planejou trocá-las por 20 mil prisioneiros de guerra alemães. O Grão-mufti insistiu que elas deveriam ser mandadas para as câmaras de gaz na Polônia. Sua santa vontade foi satisfeita.
O Grão-mufti montou em Berlin uma escola especial para oficiais alemães da SS para ensiná-los a lidar com os recrutas muçulmanos. Himmler agradecido montou uma escola em Dresden para treinamento de mulás. Sauberzweig, um comandante de divisão SS, chegou a dizer que “os muçulmanos estão começando a enxergar em nosso Führer a aparição de um segundo profeta”.

As sementes da guerra santa que o Kaizer Wilhelm II lançou, regou e financiou não poderiam ser mais bem colhidas que no 11 de Setembro e suas consequencias.