Professor Viana. Jacinto Viana. Bon vivant, alto, atlético, bonito. Suave, simpático, um empresário bem sucedido. Um filósofo, um homem inspirador.
Estudante de Medicina, casou com uma mulher bonita, largou a
faculdade para trabalhar, criou uma empresa, ficou rico.
Professor? Sim, professor de matemática na Escola Técnica da
cidade. Sedutor incurável, era louco por meninas bonitas.
Não precisava, não dependia do salário de professor. Mas era
na escola, frequentada por meninas de classe média baixa, que ele exercia seu
charme irresistível de empresário, de professor, de colecionador de
Camaros e Mustangs.
Fui amigo da família, amigo de seu filho, namorei
rapidamente uma de suas filhas, belíssima por sinal. Professor Viana foi um dos filósofos mais sinceros que
conheci da difícil arte de ganhar dinheiro. Ele ganhou muito, facilmente. Lembro-me
de duas pérolas de seu pensamento.
Numa manhã de domingo estávamos todos bebericando uns scotchs
na beira da piscina da mansão. Todos alegres, despreocupados. Menos o filho
dele.
Professor Viana notou, perguntou,
- O que você tem? Estás com uma cara horrível.
- Hoje é sábado pai, na segunda-feira temos um monte de
pagamentos para fazer e estamos sem caixa.
- Sim. Qual o problema?
- Estou muito preocupado, não consigo dormir direito.
O Professor riu,
- Durma tranquilo. Quem tem de perder o sono é quem tem a
receber.
Numa manhã de sábado, estávamos em sua casa, sentados à
mesa, num tardio café da manhã, depois de uma fantástica noite de diversões. Um
caríssimo tour que começara em um restaurante continuara em um bar e terminara
numa boîte.
Comentávamos o quanto havíamos gasto. Ele riu,
- Meu filho, dinheiro é extremamente importante. Temos de
ganha-lo, nem que seja honestamente.