Origem do Eita!

Minha prima Virgínia que ultimamente anda meio nostálgica de suas raízes nordestinas chama atenção para expressões regionais que estão se espalhando pelo resto do Brasil como o Vixe e o Eita, ambas expressões de espanto.

O Vixe, e o Ixe, são o fascinante fenômeno de sucessivas contrações ao longo do tempo da expressão Valei-me Minha Nossa Senhora Mãe Virgem Santíssima. A frase original se contraiu não apenas para as expressões Nossa Senhora! , Nossa Mãe! e Nossa! mas para a ainda menor Nosss...
Da contração de Virgem Santíssima! saíram o Virgem! , o Vixe e o Ixe.

Já a expressão Eita! é de origem mais complicada.
Entre a maior parte dos estudos etimológicos já conduzidos na garimpagem do Eita! há uma versão mais aceita tanto pelas academias de Portugal quanto do Brasil.
Torredeita é um pequeno povoado no norte de Portugal em uma das mais importantes freguesias do concelho de Viseu, de onde fica a cerca de 10 quilômetros. A região remonta ao século XIII apesar de alguns historiadores acreditarem que o povoado é ainda mais antigo.

Para o Professor Moreira de Figueiredo e para o Dr. José Coelho, um dos maiores arqueólogos viseenses a origem etimológica do topônimo Torredeita esta ligada a “existência do ribeiro que costumamos designar por “Rio Eita” e portanto de Torre d’Eita como aliás durante muito tempo se escreveu o nome da frequesia”.

A expressão Eita está ligada a uma grande seca ocorrida há alguns séculos na região que fez o ribeiro Eita secar. Dizia-se com espanto que a seca era tanta que “secou até o rio Eita”. Com o passar do tempo a frase se consolidou como expressão de grande espanto. Ao passar pelo natural processo de contração a expressão virou “secou o Eita!”.

Muitos anos depois junto com as sucessivas levas de imigrantes do norte de Portugal pra o Nordeste do Brasil a expressão chegou até aqui. Semelhantemente ela foi usada nas mesmas situações das secas que afligem a região. No processo de assimilação cultural a expressão de espanto “secou o Eita!” acabou se contraindo para “secou, Eita!” e finalmente “Eita!”

Well, well. A freguesia de Torredeita, o rio Eita, o Professor Moreira de Figueiredo e o Dr. José Coelho são reais. Já o que vem depois é pura sacanagem.
O tipo de besteirol que nossos impostos financiam em centenas de pesquisas inúteis que enchem as prateleiras de nossas universidades.