Estava agora fazendo o que mais gosto de fazer na vida. Não, não é sexo.
Sexo vem em terceiro lugar depois de surfar uma onda perfeita e ouvir um grande solo de jazz.
Era o que eu estava fazendo. Ouvindo um solo de jazz, inspirado, divino. Divino por ser perfeito, por ser absoluto, por ser fruto da prerrogativa divina de Criar.
Ao mesmo tempo em que fico extasiado lamento não ter semelhante talento. E por ter apenas a capacidade de apreciar, mas não a de criar me vem à cabeça quatro frases que definem minha alegria e minha frustração.
Uma de Castro Alves em Navio Negreiro, uma de Salieri em Amadeus, outra de Judas em Jesus Cristo Super Star e mais um conceito de Lutero. As quatro se superpõe e exprimem exatamente o que sinto,
- Ó Senhor Deus dos desgraçados, por que não me deste este talento? Se sabias por quer o permitistes?
Esta será a primeira pergunta que eu farei a Ele.