ATTAC. Uma solução global para a crise.

ATTAC. Association pour la Taxation des Transactions financières et pour l'Action Citoyenne é uma organização internacional, nascida em 1998 na França, inspirada na taxa Tobin.
James Tobin é um economista americano, Prêmio Nobel de 1981, que propôs uma idéia simples: taxar mundialmente as movimentações do capital financeiro em 0,5% e usar a arrecadação em ações contra a pobreza no mundo. Adicionalmente coibir a especulação financeira e desmontar o complexo de paraísos fiscais. Tobin foi membro do board de governors do Federal Reserve System americano e lecionou nas universidades de Harvard e Yale. Um capitalista portanto acima de qualquer suspeita.

O capital financeiro é um animal selvagem, improdutivo e praticamente impossível de controlar na economia globalizada como ela esta configurada atualmente. Ele viaja literalmente na velocidade da luz e especula 24 horas por dia nas principais bolsas de valores do mundo, já que há uma sempre aberta a qualquer momento. Ele pode manter posições de investimento por dias, horas ou minutos. O tempo suficiente para comprar na baixa, vender na alta e deixar o lucro em um paraíso fiscal.

Atualmente entre 1,3 e 1,5 bilhões de dólares se movimentam financeiramente todos os dias ao redor do planeta. Esta movimentação produz praticamente nada. Considere que todo o comércio mundial de bens e serviços entre todas as nações existentes chega a 4,3 bilhões de dólares anuais. Faça a conta: as transações financeiras atingem este volume em apenas três dias. O lucro fica protegido em um dos 55 paraísos fiscais que abrigam 15% do produto bruto mundial.
O capital financeiro desenvolveu produtos sofisticados e complexos difíceis de serem explicados aqui, mas cuja especulação tem efeitos facilmente percebidos como na crise das sub-primes que produziu a maior catástrofe financeira do mundo atual.

Quando não esta especulando em ações na bolsa o capital financeiro está atacando as moedas dos países e pondo em perigo a economia das nações atacadas e a vida de milhões de pessoas.
É fácil atacar uma moeda.
Por exemplo, o Euro: o especulador faz um imenso empréstimo em euros que converte rapidamente em dólares. A venda maciça de euros, o tal empréstimo, provoca uma baixa da taxa de câmbio do euro em relação ao dólar que se valoriza na mesma proporção relativamente ao euro. Considere que durante este processo o euro perdeu 10% do seu valor. O especulador que agora têm dólares revende-os e compra euros cujo valor caiu aqueles 10%. Devolve o empréstimo, paga o juro de alguns dias ou horas e fica com a diferença.

Parece simples demais para ser permitido?
Em 16 de Setembro de 1992, na Black Wednesday, George Soros promoveu um ataque de 10 bilhões de dólares contra a libra colocando o Banco Central britânico de joelhos e quase quebrando a moeda. O próprio Soros conta em seu livro que a operação forçou o banco central a subir a taxa de juros de 10 a 15 por cento e a utilizar quase metade das suas reservas em moeda estrangeira para segurar a libra, mas sem sucesso.O mundo tremeu, a libra quase sumiu, a Grã Bretanha foi ao fundo, teve de se retirar do Sistema Monetário Europeu e Soros ganhou perto de 2 bilhões de dólares no maior ataque especulativo contra uma moeda.

O propósito fundamental da ATTAC é inibir estas movimentações financeiras, coibir os paraísos fiscais e instituir a taxa Tobin. A taxa poderia arrecadar de 50 a 300 bilhões de dólares por ano para serem logo distribuídos nos países menos desenvolvidos.
De acordo com o Banco Mundial existem 1,2 bilhões de pessoas que vivem em condições de extrema pobreza. O PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – calcula que seriam necessários cerca de 40 bilhões de dólares anuais para resolver os problemas de desnutrição, saúde e educação do terceiro mundo. Isso representa de uma a sete vezes menos que a provável arrecadação da taxa Tobin.

1. A Taxa Tobin pode promover um mundo mais justo, produtivo e democrático acelerando o desenvolvimento econômico mundial e trazendo para uma vida digna um quarto da população que habita o planeta.
2. Coibir os paraísos fiscais é essencial para uma economia mundial saudável sem fugas fiscais e sem abrigos seguros para a lavagem de dinheiro do crime organizado. A existência dos paraísos fiscais tem um traço de perversidade ao obrigar empresas decentes a utilizá-los para não perder competitividade e para potencializar seus dividendos. Empresas estatais brasileiras e seus fundos de pensão inacreditavelmente utilizam estes mecanismos de evasão fiscal.
3. É urgente domar o capital não produtivo que transformou o mundo num cassino digital onde a riqueza das nações, empresas e cidadãos se evaporam com um simples ato de compra e venda especulativo. É preciso encarar seu comportamento como actus bellum, pois não é de outra ordem a devastação que ele provoca nas economias nacionais.

A globalização está trazendo grandes benefícios ao aproximar as nações para uma solução conjunta de seus problemas econômicos que de per si é impossível realizar numa economia global absolutamente interconectada. Mas é preciso agir, e rápido. A fera está à solta.