Einstein passou praticamente os últimos trinta anos de sua vida tentando resolver, criar, a equação do Campo Unificado. O nome é lindo e naturalmente por sua grandeza recebeu há muito o previsível apelido de Equação de Deus.
A proposta é simples.
Reunir em uma equação todas as forças da natureza, da mesma forma como ele fez em e=m.c2 unificando massa e energia. No caso da Equação de Tudo seria reunir numa mesma equação as forças eletromagnética, nuclear forte, nuclear fraca e gravitacional.
Acontece que você consegue até reunir três mas não as quatro na mesma equação. Einstein repetia sempre que conhecia a mente de Deus e que conseguiria expressa-la na Equação do Campo Unificado. Ele acreditava que Deus havia criado o projeto perfeito e perfeitamente compreensível, o Universo.
Faltava apenas expressa-lo matematicamente.
A lógica de Einstein é cristalina ao achar que é possível prever o pensamento de Deus já que está tudo determinado e visível em Seu propósito. Para evitar polêmicas desnecessárias e inúteis substitua, se preferir, Deus por Leis da Natureza que para efeitos de calculo dá na mesma.
Daí a rejeição de Einstein pela Teoria Quântica que traz embutida a Teoria da Incerteza. Ele não aceitava que houvesse essa imprevisibilidade e a refutava dizendo que Deus não joga dados. Esta rejeição também é muito simples de entender.
Na Quântica não há como observar as partículas subatômicas sem interferir em seu comportamento, portanto não há como observá-las, donde não há como prever a sua natureza. Essa imprevisibilidade ele não aceitava, pois implicaria em não entender o propósito de Deus, vá lá: entender e prever as Leis da Natureza.
Melancólico que Einstein no fim da vida tenha dito que talvez Deus não queira ser observado, talvez ele não goste de curiosos. De qualquer forma os físicos continuaram e continuam a perseguir a Teoria do Campo Unificado.
Glashow propôs que se poderia reunir a Força nuclear fraca, a elétrica e a magnética numa teoria parcial do campo unificado. Mas isso deixava de fora a Forte e a Gravitacional. E teoria parcial ninguém esta a fim.
Toda a dificuldade fica por conta da incompatibilidade entre a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica. Uma tentativa de se resolver o problema é a Teoria das Cordas mas mesmo ela não é totalmente compatível com a Incerteza de Heisenberg e geraria de 10 a 26 dimensões diferentes dependendo do modelo, que aliás são vários. Resumindo a Teoria das Cordas permanece inverificada.
O modelo aparentemente mais viável para conciliar as duas teorias, e se chegar a equação do Campo Unificado, seria através da Teoria da Gravidade Quântica em Loop.
No fundo gravidade quântica é uma forçada de barra para quantizar em loop o espaço-tempo. Sem heresias e com todo o respeito é quase uma trapaça para acomodar o que Einstein levou quase trinta anos sem resolver.
O Modelo Padrão de Partículas está pronto e funcionando há quarenta anos. Ele é o modelo que explica a dinâmica das partículas subatômicas e todas suas previsões teóricas têm sido comprovadas experimentalmente. E agora com a comprovação do bóson de Higgs a equação se fechou completamente.
Mas o Modelo Padrão tem uma particularidade: ele não considera a força da gravidade.
Mas como tudo em Física é poético e se não for simples e elegante é por que não é verdadeiro, a solução do Campo Unificado, pode ser tão simples, pode estar tão evidente, tão perto que não se consegue ver.
Note que a grosso modo se consegue acomodar tudo menos a força da gravidade, os grávitons. Ora se se consegue várias combinações e modelos matemáticos possíveis mas sempre sem um elemento a conclusão óbvia mesmo para um leigo é que alguém está realmente sobrando nesta festa.
O passo seguinte é óbvio e estava presente no momento da própria comprovação da teoria da relatividade de Einstein, naquele famoso eclipse solar que mostrou a curvatura do espaço. Que mostrou a gravidade no trajeto da luz e que a luz tem massa. Novamente: que mostrou a curvatura do espaço.
A conclusão pode ser que a gravidade, a força gravitacional, os gravitrons não se acomodam nos diversos modelos possíveis de Campo Unificado por um motivo muito simples. Ela não existe. A questão não é o que esta faltando, é o que está sobrando.
Aquilo que percebemos como força da gravidade não seria uma força e sim a conseqüência da contração distorção do espaço-tempo na presença de uma grande massa que gera uma distorção, mas não uma força.
Alguns físicos mais ousados, que não fumaram, não beberam, nem cheiraram já começaram a falar baixinho no assunto. Não se trata de rasgar a teoria geral da relatividade, trata-se de expressar um outro modelo e ultrapassar o preconceito de admitir que a gravidade, essa onipresença nas nossas vidas não existe como uma força e sim como um caminho, uma trilha preferencial.
Dessa forma divinamente elegante estaria finalmente resolvida a Equação de Deus e Einstein poderia descansar em paz.
Se é que ele já não está lá em altíssimos papos com Aquele que ele tão bem intuiu os pensamentos. Discutindo quem sabe novos projetos, novos universos, novas dimensões. Afinal Ele deve estar cansado de viver tão só sem alguém à Sua altura para conversar.
Os religiosos pregam que para Ele somos todos iguais, mas não resta dúvida que Ele tem mais intimidade com alguns.