Linguagem Diplomática

Atenção, muita atenção ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. O rapaz, que é diplomata de carreira, promete. Meu amigo Beto Faria está acompanhando de perto o desempenho dele.

Como todo mundo sabe há uma diferença entre uma Lady e um Diplomata. Quando uma lady diz não, ela quer dizer talvez. Quando ela diz talvez quer dizer sim. Mas se ela diz sim, não é uma lady. Já um diplomata quando diz sim quer dizer talvez. Quando diz talvez quer dizer não. Mas se ele diz não, então não é um diplomata.


Claro que ainda não dá para comparar Patriota ao inesquecível ministro Francisco Rezek.
Na época ao ser perguntado pelos repórteres sobre a Guerra do Golfo que acabara de explodir Rezek respondeu:
Estamos notando um clima de hostilidades na região.
Em outra ocasião quando aconteceu um confronto militar na Amazônia entre o Brasil e a Colômbia, Rezek explicou:
Temos notícias de algum desconforto na fronteira.
Quando caças venezuelanos bombardearam e derrubaram um avião brasileiro ele comentou que:
- Este ato poderá eventualmente afetar a qualidade da relação entre nossos dois países.

Mas o novo Chanceler já deu deliciosos sinais de seu talento em uma de suas primeiras entrevistas. Senão vejamos. A uma pergunta direta que só caberia como resposta ou um sim ou um não, ele disse: 
- Minha resposta tende a ser sim. 
Que elegância! Ele suavizou completamente a resposta, o sim ficou descaracterizado meio perdido na frase, virou uma tendência.

Perguntado se as passadas interferências do Marco Aurélio Garcia em assuntos diplomáticos, se a continuidade dele como assessor da Presidência seriam problemáticas e qual a relação que tinha com ele, respondeu:
- Temos uma relação muito amigável, de muito respeito mútuo.
O maligno repórter insiste. Pergunta se ele não teme um duplo comando no ministério.
- Eu vejo a oportunidade da complementaridade. Garcia é um homem culto de conhecimento amplo.

Com relação à negativa do governo brasileiro em extraditar Cesare Battisti e da ameça italiana de denunciar o Brasil na Corte Internacional de Haia, ele comentou:
- Essa foi uma decisão da administração que se encerrou em 31 de Dezembro. Pretendo lidar com ela na medida em que crie algum mal-estar diplomático entre o Brasil e a Itália.

Logo que assumiu o ministério lhe perguntaram o que iria mudar na diplomacia brasileira.
- Tive apenas duas reuniões com a Presidência, é pouco para responder sua pergunta.
O repórter, evidentemente muito mal intencionado, repetiu a pergunta, queria definições. Patriota respondeu direto e objetivo,  
- Me identifico muito com a administração anterior mas podemos esperar nuances, ênfases e desafios novos.

Confrontado com um telegrama seu, que foi vazado pelo WikiLeaks, onde ele relatava a sua "falta de confiança na sinceridade" de um governo, uma forma elegante de chamar o outro de mentiroso, ele disse:
- Quanto ao meu comentário eu me reservaria o direito de não comentar. O que posso dizer é que uma certa medida de desconfiança sempre existe na relação com diferentes parceiros.

O cara promete!