Muita gente confunde falo com pênis. O Falo não existe na
realidade. Ele é uma representação que só existe na nossa cabeça. Quando Freud
utiliza os termos falo e fálico ele tem em mente uma fase do desenvolvimento da
libido. Libido é aquela energia que nos move na busca de um objeto de satisfação.
Bebês não procuram
satisfação no mundo exterior eles se divertem com o próprio corpo no que Freud
chamou de autoerotismo. Para eles a maior fonte de diversão é a própria boca
por isso usam a chupeta ou o próprio dedo quando não têm o seio da mãe que ainda
não é um objeto externo. O seio é como se fosse parte da criança. Essa primeira
fase é a fase oral, depois a fonte principal de satisfação passa a ser o ânus, esta
é a fase anal. Elas de certa forma ocorrem simultaneamente.
Após essas duas fases
a libido se desloca para o pênis e para o clitóris. Aqui começam os problemas
pois até então não havia diferença entre meninos e meninas já que ambos se
satisfaziam com as mesmas partes do corpo. Neste momento surge a diferença que
permanecerá por toda a vida.
Agora as crianças descobrem
que existem diferenças, ele tem algo
entre as pernas e ela não. Assim meninos e meninas percebem a diferença entre si.
Mas não ainda como um que tem aquilo que no outro falta. Essa percepção vem
para o menino quando o pai ameaça que se ele ficar mexendo no próprio pênis
este será cortado.
Os garotos então concluem
por que as meninas não o têm. Elas tinham, mas o perderam por que mexeram muito em seus próprios pênis e por isso foram
castradas.
Para as meninas funciona
diferente por que elas não recebem a ameaça do corte. Para elas a diferença
entre o pequeno clitóris e o pênis seria por que elas têm um pênis filhote que irá
crescer. Como isso não acontece ela passa a achar que nasceu defeituosa. Os franceses sempre muito gentis preferem pensar em l'adorable absence.
Não é exatamente
assim que acontece mas serve para ilustrar o conceito do complexo de castração de Freud. Ele usa
o mito do complexo de castração para responder por que há um macho e uma
fêmea. Uns
que têm algo e outros que não o têm. Este algo a Psicanálise chama
de falo.
Na verdade ninguém tem o falo pois a forma de
pensa-lo tanto para homens como para mulheres reside na possibilidade de não
tê-lo. O homem teme ser castrado e a mulher tem inveja porque já nasceu
castrada. Duas angústias que os definirão para sempre.
Falo portanto não é
pênis. O pênis é apenas a origem da representação do falo. Sem pênis não
haveria a ideia de falo mas falo não é pênis, ele é uma representação
simbólica do pênis.
O falo pode ser
qualquer coisa que tenha a mesma significação deste órgão de completude. Algo
que quem tem não pode perder e quem não tem deseja ter. Esta representação
simbólica baseia-se no fato de que não
gostamos de nos sentir incompletos.
Daí a competitividade
masculina em mostrar conquistas como que para mostrar quem tem o pênis maior. Nas mulheres o
exemplo mais comum do falo é o filho. Supercuidadosas elas cuidam dos filhos como se
fossem parte do próprio corpo numa espécie de recompensa por terem nascido sem
pênis.
Por não deterem o Falo tanto homens quanto mulheres vivem na mesma eterna ansiedade, na incompletude de querer o que não têm, de não perder o que têm, na ansiedade do Ser, do Ter e do Estar.
Por não deterem o Falo tanto homens quanto mulheres vivem na mesma eterna ansiedade, na incompletude de querer o que não têm, de não perder o que têm, na ansiedade do Ser, do Ter e do Estar.