Dinheiro não tem cheiro. A frase não é de Gordon Gekko, de Warren Buffett, de nenhum tubarão da Bolsa, nem de nenhum politicus brasiliensis. Provavelmente ela já foi usada e repetida ad eternum por gerações e gerações. E bota tempus nisso.
Vespasiano. Imperador romano, viveu nos primeiros 80 anos DC. Ele foi imperador após Nero, não imediatamente depois, mas após Galba, Otão e Vitélio que em pouco mais de um ano se sucederam numa prévia da Itália do século XX. Tutti bonna gente, conspiravam, mentiam, matavam e traíam numa descontração pré-berlusconiana.
Tito Flávio Vespasiano tinha um senso de administração financeira incomum e literalmente encheu os cofres de Roma com criativos mecanismos de arrecadação.
Um belo dia Vespasiano teve a sensacional ideia de tributar a urina das latrinas públicas de Roma. Na Bahia não funcionaria, nem mesmo hoje em dia, pois a população local insiste em desperdiçar seus recursos úricos pelas ruas e calçadas, espalhando alegremente por toda a cidade aquele perfume inesquecível que todos relacionam com o carnaval.
Vespasiano notou que a urina dos banheiros públicos de Roma era usada pelos peleteiros e tanoeiros para curtir o couro. Arrá! Business opportunity! E resolveu taxá-la.
Tito, o filho do imperador torceu o nariz. Claro. O rapaz, criado no requinte da corte romana, deve ter achado a ideia a maior baixaria, uma coisa tipo assim meio barraco, coisa de pobre, um horror.
Vespasiano nem aí.
Esperou chegarem os primeiros pagamentos do Imposto do Xixi, pegou algumas moedas, se aproximou do filho Tito colocou-as bem debaixo de seu nariz e disse,
- Não cheiram.