A Maior Falsificação de Dinheiro da História

O filme austríaco Die Fälscher - Os Falsários - é uma obra-prima de Stefan Ruzowitzky, Oscar de melhor filme estrangeiro de 2008. Conta a história real de Salomon Sorowitsch e da Operação Bernhard.

A operação, conduzida pelos nazistas, a maior falsificação de dinheiro da história, produziu cerca de 9 milhões de notas, na época um valor de 132 milhões de libras esterlinas. Hoje seriam cerca de 7,8 bilhões de dólares, cash em notas, uma por uma.
A ideia de Bernhard Krüger era simples e brilhante. Produzir recursos financeiros para a economia alemã e inundar o mercado com libras para arruinar, por inflação, a economia inglesa.

Friedrich Herzog, um Sturmbannführer da SS, liderou a operação Bernhard dentro do campo de concentração de Sachsenhausen. Herzog colocou Salomon, um falsário genial, à frente de uma equipe de 142 prisioneiros. A equipe de gráficos, desenhistas, fotógrafos, banqueiros e outros especialistas, utilizando a melhor tecnologia disponível, produziu no campo de concentração notas absolutamente perfeitas, do tecido à impressão.
Algumas dessas notas foram enviadas para um teste de autenticação na Inglaterra. O Banco da Inglaterra foi taxativo: as notas de Salomon eram verdadeiras.

À partir daí a derrama foi imensa. Cerca de um terço das libras esterlinas em circulação na época foram produzidas pela equipe de Salomon e Herzog em Sachsenhausen.
O volume era maior que as libras que o próprio Banco da Inglaterra tinha em seus cofres. Quatro vezes maior que todas as reservas cambiais inglesas. Posteriormente o Banco da Inglaterra levou quarenta anos para recolher completamente tanto as notas de Salomon quanto as verdadeiras, absolutamente indistinguíveis, emitindo substituições completamente diferentes.

O filme tem uma fotografia belíssima, praticamente sem cores, em tons de cinza, acentuando o ambiente sombrio. Benedict Neuenfels usou de forma muito mais intensa o recurso de cores esmaecidas usado por Ghislain Cloquet e Geoffrey Unsworth em Tess de Polanski. Aliás outra obra-prima imperdível.
Além da excelente fotografia Die Fälscher tem uma trilha sonora que ao longo do filme, de forma emocionalmente intensa e irresistível, vai se transformando num personagem essencial da história. O filme que já tem uma trama fascinante usa recursos de fotografia, iluminação e trilha musical para criar Cinema em seu estado mais puro.

Salomon o judeu e Herzog o nazista sobreviveram à guerra.
Herzog conseguiu escapar junto com a família, levando uma pequena parte de sua obra, usando os passaportes suíços que Solly preparou para eles.
Salomon depois de uma temporada na Itália e no Uruguai terminou seus dias, aos oitenta anos, em Porto Alegre. Aqui ele criou uma fábrica de brinquedos já que não conseguia mais usar suas habilidades manuais devido a outro alemão, menos amigável, o Alzheimer.