My Pledge of Love

Ó Céus! Meu vizinho, um roqueiro pra lá dos 60, sacou covardemente da guitarra e tá cantando My Pledge of Love. Sem a menor piedade, sem um mínimo de compaixão. 

Claro que a música com o Joe Jeffrey, arranjo excelente do Al Russ, é uma delícia pra dançar numa balada sixties. Mas dá pra ouvir a letra? 
O sujeito acorda com uma mane erectionem e toca a fazer promessas de amor, a dizer que está precisando do amor da namorada. I woke up this morning baby, that's when I caught your name.
I felt so much love this morning, I need your love. Pode uma coisa dessas? 

Na verdade existem poucos estados mais ridículos do que estar apaixonado. 
Claro que é bom, é muito bom, mas não há espelho que resista à expressão. Como dizia um gentleman após sua primeira noite, the sensation is good but the position is ridiculous. Imagine a cara. 
Em Broca´s Brain o Carl Sagan diz que o estado de paixão é eletroquimicamente semelhante ao da demência. A probabilidade de você tomar decisões absurdas é enorme. 

Tive uma namorada, culta, inteligente, uma gracia de pessoa, mas que era um bocado água-com-açucar, não podia assistir a uma cena “romântica” em um filme que já começava a lacrimejar. Eu já sabia do problema e não perdoava. Sem mesmo olhar para ela, no timing da cena, sabendo que ela já estava daquele jeito eu disparava, 
- Ooh, o amor é lindo... 
Ela só faltava me bater. Ficava ressentida, duvidava de meus sentimentos por ela. Eu me divertia com a breguice dela. 
É absolutamente compreensível a reação de uma duquesa inglesa quando a filha lhe confessou que estava apaixonada, 
- Minha filha, isso é coisa para serviçais. Tenha dignidade!