No começo da primavera estávamos passeando, meio que em lua-de-mel, pelos Alpes. Havíamos saído de Axams na Áustria, uma vila linda sede de alguns jogos olímpicos de inverno, que fica logo acima de Innsbruck. Estávamos indo em direção a Lausanne na Suíça.
Aproveitando o tempo excelente baixei a capota do Jaguar.
Passear com o rosto ao vento por aquelas estradas na primavera alpina é uma experiência difícil de repetir em outro lugar. Mais difícil ainda de descrever. Tudo lhe envolve.
Aproveitando o tempo excelente baixei a capota do Jaguar.
Passear com o rosto ao vento por aquelas estradas na primavera alpina é uma experiência difícil de repetir em outro lugar. Mais difícil ainda de descrever. Tudo lhe envolve.
O perfume dos bosques, o verde das encostas, a majestade das montanhas, os picos altos ainda com neve, o azul limpo e magnífico, o ar puríssimo, as estradinhas cheias de curvas.
A paisagem é indecentemente linda. Depois de cada curva há sempre uma nova surpresa.
A certa altura da estrada, distante de Innsbruck e já mais próximo de Lausanne se vê Interlaken de cima. Interlaken – "entre lagos" – fica entre os lagos Thuner See e Brienzer See. Bem no centro da Suíça no Cantão de Bernese Oberland. A vila está no meio de um vale, cercada de montanhas e pelos picos Eiger, Mönch e Jungfrau. Difícil encontrar maior beleza numa região que já é idílica. Chegando num ponto ideal de observar encostei o carro em um recuo florido da estrada para desfrutar da paisagem.
Não podia estar mais deslumbrante.
Parado no meio daquele pequeno jardim colorido se via de muito alto a vila pequena no meio dos dois lagos. Nas margens dos lagos varias pequenas vilas ou pequenos conjuntos de chalés com chaminés. Nas encostas das montanhas mais chalés compunham a paisagem, de alguns deles subia fumaça das chaminés das cozinhas.
Aqui e ali a fumaça subia uniforme em formas onduladas. Acabavam se dissipando bem abaixo dos picos brancos das montanhas. Sendo primavera, nas montanhas ainda havia neve descendo dos picos se espalhando muito brancas sobre o verde das encostas.
Não podia estar mais deslumbrante.
Parado no meio daquele pequeno jardim colorido se via de muito alto a vila pequena no meio dos dois lagos. Nas margens dos lagos varias pequenas vilas ou pequenos conjuntos de chalés com chaminés. Nas encostas das montanhas mais chalés compunham a paisagem, de alguns deles subia fumaça das chaminés das cozinhas.
Aqui e ali a fumaça subia uniforme em formas onduladas. Acabavam se dissipando bem abaixo dos picos brancos das montanhas. Sendo primavera, nas montanhas ainda havia neve descendo dos picos se espalhando muito brancas sobre o verde das encostas.
Nos dois lagos há barcos de vários tamanhos. Barcos à vela cruzando lentamente em várias direções, alguns com velas coloridas. Lanchas rápidas deixando rastros prateados na água. Havia um pequeno navio de turismo, pintado de branco, as chaminés pintadas de vermelho com a cruz branca suíça. Das chaminés do navio uma fumaça branca subia ainda mais alto e mais grossa que a dos chalés.
Montanhas verdes, muito altas, repletas de pinheiros. Mais ao alto picos brancos de neve. Uma exuberante combinação de cores e texturas. Superfícies sólidas, superfícies liquidas, superfícies em movimento. Há horizontes azuis, verdes e brancos se superpondo, uns mais definidos, outros mais opacos, há cores, há detalhes. A paisagem hipnotiza, entontece. O olhar descansa, a alma sorri, o coração se enternece.
Enquanto estou me deixando inebriar na paisagem ouço a voz de minha mulher:
Enquanto estou me deixando inebriar na paisagem ouço a voz de minha mulher:
- Você não está excitado com esta paisagem está?
Estava. Estava mesmo, e nem havia notado.
Tempos depois contei esta estória a um psicanalista amigo meu. Ele riu muito e placidamente me explicou:
- As experiências estéticas e eróticas são ambas da mesma ordem.
Ufa! Que alívio.