Tragédia na Cultura Brasileira

A tragédia de ontem, segunda-feira 13.08.12, no apartamento de Jean Boghici chama a atenção para o descaso com a Arte no Brasil. O incêndio na cobertura do colecionador pode ter destruido obras de Di Cavalcanti, Alberto Burri, Milton Dacosta, Cícero Dias, Carlos Vergara, Guignard, Antonio Dias, Vicente do Rêgo Monteiro, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret, além de mobiliários de Joaquim Tenrreiro e Sergio Rodrigues. Dos estrangeiros há Lucio Fontana, Modigliani, móbiles de Calder e obras de Rodin. O prejuízo para a arte brasileira é incalculável.

Jean, um dos maiores marchands do Brasil, movimenta a arte brasileira há muitas décadas. O acervo, um dos maiores do país, vinha sendo construído há mais de 60 anos. Leonel Kaz diz que a arte brasileira poderá sofrer um golpe tão grande ou maior do que o incêndio do MAM nos anos 70.
Coleções particulares são propriedade privada e têm de ser respeitadas como tal. Mas coleções deste porte não podem ser esquecidas pelo Estado pelo patrimônio cultural que representam. É do interesse público que elas sejam protegidas. Ou se dando incentivos para que elas sejam doadas ou protegendo-as em um museu ou oferecendo os recursos para sua segurança física e patrimonial. Não é impossível para os órgãos de cultura dos estados identificá-las e protegê-las.

O mesmo acontece com grandes bibliotecas privadas que muitas vezes ficam à mercê da falta de recursos de seus proprietários para cuidar delas. É do interesse comum que elas sejam catalogadas, preservadas e protegidas da deterioração, de acidentes ou de situações absurdas.
Conheço um caso criminoso.
Um dos maiores nomes da literatura brasileira, membro da Academia Brasileira de Letras teve sua biblioteca jogada no lixo por sua viúva que após a morte do marido decidiu se livrar do que para ela não passava de um transtorno na casa.