A Guerra Limpa dos Drones

Na Segunda Guerra Maurice Drouhin comandava um batalhão de franceses no norte da França em luta com tropas alemães. No meio da batalha ele vê um alemão ser atingido por um tiro e cair imóvel no chão sem conseguir se levantar. Debaixo do fogo das metralhadoras os alemães não se arriscavam a ir buscar o companheiro ferido. Maurice ergue uma bandeira branca, ordena a seus homens que parem de atirar e grita para os alemães virem buscar o companheiro ferido. Os alemães resgatam o soldado e antes de retornar para trás de suas linhas param bem em frente a Maurice e lhe batem continência.
Este cavalheirismo está muito longe dos dias de hoje. A noção de fair fight mais ainda.

Usando os controles de seu computador no Campo da Base Área Hancock no subúrbio de Siracusa, no Estado de Nova York, o coronel D. Scott Brenton voa remotamente um UAV - unamed aerial vehicle - um avião não tripulado, um drone. Ele dispara e atinge seu alvo no Afeganistão ou no Paquistão. Depois de algumas horas de trabalho ele sai da sala escura, dirige até sua casa, passa por restaurantes fast-food e lojas de conveniência e chega a tempo de ajudar com a lição de casa dos filhos. Ele diz: - Havia boas razões para matar as pessoas que matei.

Os primeiros drones projetados pelos EUA começaram a voar no final da década de 1980 criados pela NASA, USAF, laboratórios de ciências de universidades e fabricantes como a Lockheed Martin, Boeing e a Northrope. Eles precisam de grande autonomia de vôo e  muitos deles possuem propulsão com motores magnéticos de atração e repulsão, sistemas Stirling de conversão de energia, energia solar e até baterias nucleares compactas.
Estas wokstations voadoras são equipadas com sistemas anti-colisão, navegação GPS em nível militar de alta precisão, sistemas de telemetria de solo e comunicações via satélite. Muitos são Stealth e além da capacidade de serem invisíveis aos radares têm a possibilidade de Jamming, embaralhando e projetando imagens falsas nas telas dos radares da região por onde estão voando. Eles são capazes de confundir o tráfego aéreo de outras aeronaves, realizar voos em formação, fornecer dados falsos de localização e altitude além de provocar ruptura na comunicação de outros aviões que estejam em seu raio de ação.

No dia 30.01.12, Obama defendeu publicamente pela internet o uso de drones e disse que o número de vítimas civis nos ataques é “muito pequeno”. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, durante uma conferência na Índia no dia 06.06.12 defendeu o uso dos drones para caçar insurgentes no Paquistão. Ele disse que os ataques não representam uma violação à soberania do país pois a soberania dos EUA também estaria em jogo.

O direito de matar inimigos está subordinado a uma série de critérios do direito internacional, sendo o mais simples o de que a pessoa tem que estar lutando ativamente, possui uma arma e está diretamente envolvida em operações de combate.
Jochen Hippler, especialista em intervenção militar do INEF - Instituto pelo Desenvolvimento e pela Paz - em Duisburg, considera que as ofensivas dos drones, sobretudo no Paquistão, são uma infração do direito internacional contra um país com o qual não se está em guerra. - Trata-se de uma pena de morte contra pessoas acusadas de alguma coisa sem que um tribunal as tenha sentenciado.
A guerra limpa dos drones é a mais suja de todas. É a institucionalização do terrorismo de Estado.