A emancipação da mulher largamente associada a sua inserção no mercado de trabalho tem pouco ou precisamente nada a ver com uma conquista revolucionária. Aconteceu por uma necessidade puramente capitalista quando a Revolução Industrial precisou de mais mão de obra, e de mão de obra barata, para suas fabricas.
A verdadeira emancipação feminina vem de sua conquista ao prazer, também associada de certa forma a uma inovação tecnológica.
Esta conquista do direito ao prazer, que alterou profundamente as relações sociais, tem no Brasil dois marcos culturais importantes. A exibição do filme Les Amants de Louis Malle e um trecho de Engraçadinha de Nelson Rodrigues.
O filme de Malle causou escândalo principalmente por uma cena de insinuação de sexo oral. O filme criou protestos mundo afora e chegou a ser censurado tanto nos Estados Unidos quanto na então União Soviética.
Aqui no Brasil ele passou surpreendentemente sem cortes, mas gerou protestos indignados. A Igreja chegou a classificá-lo como tendo por único objetivo mostrar “publicamente cena de requintada libertinagem”.
O fato é que o prazer feminino foi para as manchetes dos jornais, para as conversas em familia, enfim tomou as ruas. Nelson, como sempre brilhante, traduziu o espanto masculino numa cena de Engraçadinha onde o juiz Odorico, depois que sua mulher exigiu que ele reproduzisse nela a tal cena, lamenta indignado,
- Essa fita miserável envenenou a imaginação de todo mundo... a família brasileira acabou...os casais viviam tranqüilos e consolidados no seu estável tédio sexual. Fui humilhado, ou melhor: violentado. Eu me violentei!
Estava aberta uma caixa de pandora que desestabilizou completamente a psique masculina que até hoje ainda não se refez completamente. Ao que parece esta nova mulher até agora ainda não encontrou o novo homem que merece.