Não existe maior generosidade do que a dos povos negros que povoaram e mesclaram este país. E que nos devolveram em alegria, esperança e vida as chibatadas mortais que receberam para construir esta nacionalidade. Negra é a Luz.
Não consigo expressar melhor meus sentimentos em relação ao momento que hoje vive este povo do que nessas palavras, às vezes meio delirantes, ditas no meio da excitação de uma grande festa.
E principalmente por esta frase genial atirada à multidão: Quem está feliz levante a mão!
Só mesmo Odoyá, Babalú, Japepé,Ajansu, só mesmo eles sabem o desígnio deste povo, chamado Povo Negro que nasceu Natureza e como natureza nasceu rico.
E como rico diluiu seus pensamentos, seu grau de instrução, sua história, sua arte no mundo inteiro. E transformou-se na Beleza Reverenciada.
Somos fortes, por que isso é a Expiação do povo negro.
Mas isso também está mudando por que há um interesse em todos nós de sermos acima de tudo a continuidade e a iniciação do progresso moral. Por que não adianta nós só fazermos batucada não.
Nós queremos fazer batucada e educar.
Mas não queremos que a sensualidade das nossas batucadas provoquem prostituição, e acima de tudo nós, nos nossos próprios ambientes, precisamos ter um carinho muito mais acirrado diante da mulher.
Não violenta-la, ao contrário saber compreender a mãe, o ventre, a doçura, para que verdadeiramente conheçamos a força.
Por que?
Por que homem nenhum tem poder, só o Encantado, só Deus tem poder. E lhe digo mais: que essas palavras sirvam para mim como cidadão.
Valei-me Telepé, humildade pra que eu seja um homem-cidadão e saiba compreender o destino do mundo, da vida, das pessoas.
Me faça pequeno Ogum, me faça pequeno, mas me faça grande no coração.
Eu tenho um mestre, ele se chama Pintado do Bongô, ele me ensinou isso, ele me levou pro meu padrinho Caetano pra que hoje a meia-lua inteira estivesse lá no céu, testemunhando que o Ancestral é que vence, que o desejo de ser feliz é que vence.
Viva o Ilê Aiyê.
Carlinhos Brown.