Pamela Harriman

Ser uma cortesã é uma das melhores opções de vida que uma mulher pode escolher. Elas vivem sempre cercadas de amigos, homens e mulheres dedicados. Desfrutam de poder, muito poder, e respeito muito respeito. Têm mais dinheiro do que podem precisar e se divertem muito.
Atenção, cortesãs não são prostitutas.

Desde menininha Pam revelou sua grande vocação e estratégia. Quando o carro de sua mãe quebrou no meio da estrada ela a consolou: - Um homem vai aparecer e resolver tudo.
Tudo começa com uma boa educação. Não apenas no sentido convencional, não no sentido formal. Elas não se educam, os homens as educam. Orientam e conduzem.
E começam cedo, muito cedo. Logo aos 15 anos, às vezes menos ainda.
Pamela Harriman é o melhor exemplo da cortesã moderna. Uma mulher assombrosamente encantadora. Ela acumulou fortuna, maridos, amantes e poder. E fez tudo isso graciosamente, encantadoramente. Com elegância e sofisticação. Um charme.

Pamela Beryl Digby nasceu no interior da Inglaterra de família nobre.
Filha do 11° Barão Digby e neta do 2° Barão Aberdare ela foi educada por uma governanta na propriedade da família em Dorset.
Sobrinha em terceiro nível da belíssima aristocrata Jane Elizabeth Digby, Lady Ellenborough, que algumas gerações antes de Pam escandalizou as cortes europeias com sua agitadíssima vida amorosa.
Um de seus divórcios foi julgado no Parlamento Britânico. Maridos e amantes duelaram suas espadas por Lady Ellenborough.
Jenny, a Aurora, teve quatro maridos e muitos amantes. O poderoso estadista do império Habsburgo Prinz Felix zu Schwarzenberg, o rei Ludwig I da Baviera e seu filho o rei Otto da Grécia, o conde da Grécia Spyridon Theotokis, o barão alemão Karl von Vennigen, alguns generais, vários membros da aristocracia européia e mais alguns priminhos.
Tia Jenny terminou seus alegres dias em Damasco, sinceramente convertida ao muçulmanismo, nos doces braços do Sheikh Medjuel el Mezrab, 20 anos mais novo que ela.

Noblesse oblige, Pamela começou sua movimentada vida amorosa quando foi “raptada” aos 15 anos para uma temporada de paixão na França.
Aos 17 anos Pam foi mandada à Alemanha para estudar numa escola de moças para aperfeiçoamento e preparo para a vida social, em Munique. Depois foi para Paris onde teve aulas na Sorbonne. 
Com 19 anos ela voltou à Inglaterra e se casou com Randolph filho do primeiro-ministro Winston Churchill. Pamela foi morar em Londres com os sogros na 10, Downing Street, a residência oficial dos primeiros-ministros britânicos.
Churchill que não gostava do filho adotou Pam que se tornou a mulher mais bem relacionada social e politicamente da Inglaterra. Ela foi sua anfitriã preferida para entreter os líderes mundiais e eventualmente descobrir seus segredos. Foi assim que ela conheceu e se tornou amante de Averell Harriman, Fred Anderson, Bill Paley e Ed Murrow.

Eles foram alguns de seus mestres na sofisticada arte cortesã. Cortesãs têm uma enorme afinidade com homens mais velhos. Com eles elas se refinam.
Essa educação começa na mesa, na sala de jantar, muito antes de chegar ao quarto. Assim elas passam a dominar primeiramente a arte de ouvir, antes da arte de amar. Aprendem a se tornar companheiras antes de se fazerem amantes.
O grande talento da cortesã no quarto é que lá ela também sabe ouvir.
Tão treinado como a mente, o corpo da cortesã é um instrumento a ser usado com perfeição. Conhecendo as vulnerabilidades do homem ela complementa o espaço de confiança em sua mente com o espaço confiável de seu corpo. 
Entre outros Pamela foi amante do príncipe Aly Khan, de Alfonso de Portago, de Gianni Agnelli e do Barão Elie de Rothschild, Frank Sinatra e o príncipe Rainier de Mônaco.
Amante de homens casados Pamela certa vez passou pelo constrangimento de enfrentar a deselegância de uma dessas esposas que num acesso de ciúmes jogou seu próprio Rolls-Royce contra o Rolls-Royce de Pamela estacionado numa rua de Paris.
Uma indelicadeza imperdoável.

Perfeccionista, Pamela se tornou conhecida por sua grande atenção aos detalhes. Quando estava envolvida com um homem ela satisfazia plenamente seus desejos. Atenta às suas preferências ela foi exímia com todos eles na refinada arte de satisfazer suas mais específicas necessidades.
William S. Paley com quem ela teve um breve affair lhe fez lhe este delicado e supremo elogio,
– Ela é a maior cortesã do século. 
Depois de se separar de Randolph Churchill ela se mudou para Paris onde manteve um romance que durou cinco anos com o playboy bilionário Gianni Agnelli herdeiro da FIAT.
Durante estes anos o casal levou uma vida feérica. Muitas vezes eles jantavam em Paris, dançavam em Roma, amanheciam em Saint Moritz e depois ficavam na Côte D'Azur, disse a princesa Irene Galitzine.
Pamela e Gianni, um ferozi stradale, muitas vezes cruzavam loucamente pelas estradas numa Ferrari seguidos de cima pelo helicóptero da segurança.
Pamela depois descreveu este período como o mais feliz de sua vida.
La dolce vita.

Seu relacionamento seguinte foi com o Barão Elie de Rothschild, banqueiro bilionário e renomado vinicultor. Rothschild, que era casado, lhe apoiou-a financeiramente e lhe refinou em História da Arte e Enologia.
Durante este tempo ela também se divertiu com o escritor Maurice Druon e com o magnata e armador grego Stavros Niarchos.
Cativante na arte de faça seu homem feliz quando Pam morava na 10, Downing Street se tornou espiã, quando estava com Elie Rothschild aprendeu a conhecer vinhos, quando estava com Gianni Agnelli se converteu ao catolicismo.

Depois de Elie ela conheceu o produtor da Broadway Leland Hayward que ainda era casado com Slim Hawks e se mudou para New York. 
Após o divórcio dele ela se tornou a quinta Sra. Hayward do rico produtor de The Sound of Music e passou a levar uma vida agradável e suntuosa em Nova York e no Westchester County, até a morte do marido.
No dia seguinte ao funeral Pamela retomou sua relação com o ex-amante Averrel Harriman, Secretário do Comércio do presidente Truman, herdeiro de estradas de ferro, embaixador na União Soviética e Grã-Bretanha e governador de Nova Iorque.
Harriman estava com 79 anos e ficara viúvo recentemente. 

Com este casamento o foco social de Pamela se transferiu para Washington, DC, onde o casal tinha uma mansão em Georgetown, uma propriedade na Virgínia e um jato particular.
Como Pamela Churchill Harriman ela se tornou cidadã americana e por conta do envolvimento de Harriman com o Partido Democrata ela entrou no partido e começou sua carreira política.
O autor Christopher Ogden comentou maldosamente que se ela tivesse casado com Nelson Rockefeller teria entrado para o Partido Republicano. 
Pamela criou um sistema de angariação de fundos chamado Democratas para os anos 80 e depois Democratas para os anos 90, apelidado de PamPAC. Chegava a cobrar cinco mil dólares por cabeça nos jantares em sua própria casa.
Em 1980 o Clube Nacional das Mulheres Democratas nomeou-a como a Mulher do Ano.
Um reconhecimento justíssimo. 

Na campanha de 1992 ela levantou 12 milhões de dólares para Bill Clinton.
Casada três vezes com homens ricos e famosos que lhe deixaram as fortunas, ela teve a visão, o poder e a riqueza que precisava para ajudar a financiar o futuro presidente dos Estados Unidos. Se atrás de todo grande homem há uma grande mulher, Pamela foi esta mulher para Bill Clinton.
Depois de Clinton eleito a qualquer hora que queria vê-lo ela o chamava e ele ia direto para a casa dela em Georgetown.
Em 1993 Clinton a nomeou embaixadora dos Estados Unidos na França.
Quando assumiu a embaixada ela contratou o grande decorador Mark Hampton, que apenas na França tinha feito três casas para Estée Lauder, para redecorar a parte privada da embaixada.
Lá ela viveu principescamente até morrer em 1997 ao sofrer uma hemorragia cerebral quando nadava na piscina do elegantézimo Ritz de Paris, como ela fazia todas as manhãs.
O presidente da França Jacques Chirac colocou a Cruz da Legião de Honra em seu caixão. Esta foi a primeira vez que a condecoração foi concedida a uma diplomata estrangeira.
Por determinação do presidente Clinton ela foi levada para os Estados Unidos no Boeing 747 presidencial Air Force One.
No seu funeral, onde compareceram a fina flor da política e do poder mundial, ela recebeu merecidamente do governo americano honras de chefe de estado na Catedral Nacional de Washington.
Um grande réquiem para uma grande cortesã.

O grande escritor Truman Capote a descreveu como a gueixa que fez todo homem feliz.
Toda mulher que sonha em se casar com um milionário se pergunta como Pamela conseguiu fazer isso três vezes. Simples.
Pamela Harriman se tornou uma jovem amante destes homens enquanto eles eram casados com outras mulheres. Depois casou-se com eles, tratou-os muito bem, e quando eles morreram ficou com cada centavo.
Uma das melhores opções de vida que uma mulher honesta pode escolher.