Shakespeare. Soneto no.17

O Soneto no.17 de Shakespeare é uma das mais belas composições de amor já escritas.
Para degusta-lo melhor me exercitei sobre eles. Aí está o texto no inglês original, em inglês moderno, numa tradução mais literal e em outra mais livre, para serem lidas, comparadas, relidas, retocadas. Like a gourmet.

Tradução Livre.
Posso te comparar a um dia de verão?
És mais bela e mais suave
O vento espalha as flores pelo chão
E o Verão passa depressa
Às vezes o sol brilha demais
Outras vezes escurece e esfria
O que é belo não dura para sempre
Na eterna mudança da natureza
Mas em ti o verão será eterno
A beleza que tens não a perderás
Nem mesmo a morte te esconderá
Viverás nestas linhas eternas
Por que enquanto houver vida nesta terra
Meus versos viverão e te farão viver
  
Tradução.
Poderia te comparar a um dia de Verão?
És mais linda e mais serena
Os ventos ásperos espalham os botões floridos de Maio
E o Verão dura por pouco tempo
Às vezes o sol brilha quente demais
Às vezes as nuvens escurecem seu rosto dourado
E tudo que é belo perde sua beleza
Ou por acidente ou pelo passar do tempo
Mas o teu eterno verão nunca vai passar
Nem vais perder a beleza que é tão tua
Nem mesmo a morte irá te encobrir em suas sombras
Por que estarás viva em meus versos eternos
Tanto tempo quanto os homens possam respirar e os olhos possam ver
Tanto tempo viverão meus versos e neles permanecerás viva

Inglês moderno. 
Shall I compare you to a summer day?
You’re lovelier and milder.
Rough winds shake the pretty buds of May,
And summer doesn’t last nearly long enough.
Sometimes the sun shines too hot,
And often its golden face is darkened by clouds.
And everything beautiful stops being beautiful,
Either by accident or simply in the course of nature.
But your eternal summer will never fade,
Nor will you lose possession of your beauty,
Nor shall death brag that you are wandering in the underworld,
Once you’re captured in my eternal verses.
As long as men are alive and have eyes with which to see,
This poem will live and keep you alive.

Original.
Shall I compare thee to a summer’s day?
Thou art more lovely and more temperate.
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer’s lease hath all too short a date.
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimmed;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature’s changing course untrimmed.
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow’st,
Nor shall death brag thou wand’rest in his shade,
When in eternal lines to time thou grow’st.
So long as men can breathe or eyes can see,  
So long lives this, and this gives life to thee.