Uma aposta no Bóson de Higgs

Janet Conrad, física do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), apostou 10 moedas de chocolate Nobel com seu colega Frank Wilczek, prêmio Nobel de Física em 2004, alegando que o Modelo Padrão do bóson de Higgs não existe. Em 4 de julho, ela percebeu que teria que pagar pela aposta.

A recompensa, no entanto, acabou por se mostrar quase tão complicada quanto as que alguns dos físicos que estudam os chamados diagramas de Feynman usam para descrever as interações nas quais partículas como o bóson de Higgs são criados e destruídos. Ou tão complicada quanto uma transação clandestina de drogas. As moedas, estampadas com o selo Nobel, são vendidas apenas no Museu Nobel.
Então, logo após o anúncio de 4 de julho, ela pediu que Chad Finley, amigo e físico da Universidade de Estocolmo, fosse ao museu, onde ele comprou os chocolates por cerca de 15 dólares. Finley, por sua vez, poderia ter enviado a encomenda para os Estados Unidos, mas ficou preocupado com a possibilidade de os chocolates derreterem e, em vez disso, passou-os para Szabolcs Marka, físico da Universidade Columbia que estava na Suécia na época.

Marka os levou até Nova York e os passou para Matt Toups, pesquisador de pós-doutorado que trabalha com Conrad e estava indo para o Fermilab, em Illinois, onde Conrad estava trabalhando. Os dois embrulharam os bombons em espuma de plástico para que não derretessem durante o trajeto de ônibus até o Aeroporto La Guardia.
Conrad recebeu os chocolates logo antes de uma falha elétrica fazer a temperatura dos escritórios do Fermilab subirem até o ponto de fusão do chocolate. Por isso, levou o pacote para casa, em Cambridge, Massachusetts, deixando-os com sua irmã enquanto participava de uma conferência de Física na Virgínia e, em seguida, voltava para o Fermilab. "Eu não tenho visto os chocolates, já que eles estão cuidadosamente embalados em espuma de plástico, mas tenho certeza de que eles estão em excelente forma!", contou por e-mail.

Wilczek, que está em New Hampshire, não viu os chocolates também, mas contou que eles foram entregues em seu escritório.
Se as medições subsequentes determinarem que a partícula tem a rotação errada e não é o bóson de Higgs, Wilczek concordou em pagar mil moedas a Conrad, mas acha isso pouco provável.
"Vamos fazer algum tipo de festa quando chegarmos ao ponto culminante da aposta; estamos arrumando os detalhes", escreveu ele, acrescentando: "Vou comer um chocolate e distribuir o resto".


The New York Times em IG.