A Bahia é uma terra essencialmente feminina.
Não apenas por causa das heroínas da Independência, Joana Angélica e Maria Quitéria. A primeira, a madre que se interpôs à frente das tropas portuguesas que queriam invadir seu convento. A segunda, que se vestindo de soldado, lutou na guerra contra eles. Estas duas mulheres que os maldosos dizem ser os maiores homens da Bahia.
Não por isso.
Nem mesmo pelas musas da música, que não são poucas. Nem pelas anônimas, às vezes nem tanto, baianas do acarajé. Nem pelas que representam a religião afro-brasileira, nascida nas terras dos quindins de yá-yá. Nem mesmo pelas que são as deusas desta religião.
Pense na Bahia e lhe virá imediatamente alguma figura de uma mulher, de uma santa ou de uma deusa bahiana.
Até no nome a Bahia é feminina. A Bahia tem a doçura e a tolerância da mãe, é tudo menos uma terra masculina como Pernambuco ou Rio Grande do Sul apesar de suas belas meninas.
A brisa constante, as praias calmas de sua baía, a visão delicada de sua geografia, o azul único de seu céu, a temperatura suave, o ondular de suas filhas, a fala mansa, tudo parece uma caricia feminina.
Mas nada nem nenhuma daquelas outras mulheres representam melhor a Bahia do que Catharina Paraguassú, a mãe simbólica de todos os brasileiros.
Ela que tendo recebido a profecia de que seria a mãe de uma grande nação. Ela que por profecia foi destinada não ao um índio como ela, mas a um homem surgido do mar, como um deus do trovão e dos raios.
Ela que ao ver este Caramurú, o náufrago que disparou um tiro de mosquete, assustando os índios, não hesitou nem por um segundo, ali mesmo na praia, sem mesmo uma única palavra, a se entregar docemente num sorriso ao homem que lhe fora destinado.