Apesar de não ser verão, muito pelo contrário o inverno acaba de começar aqui no hemisfério sul, há muitas andorinhas a voar em frente à minha janela. São muitas, em bandos. Gosto de vê-las.
Mas há uma especial. Gosto de vê-la.
Ela quase sempre voa sozinha e voa diferente. Não bate tanto as asas como as outras, não é aquele bater frenéticocom poucos intervalos de planeio. Ela bate as asas com vigor e toma muita altura, depois desce num mergulho, muda a atitude de vôo, dá um longo rasante, depois ainda com o que sobrou do impulso sobe um pouco e provoca um pequeno stall.
Bate novamente as asas sem tomar muita altitude, voa quase em linha reta paralela ao solo e começa a fazer voltas para um lado e para o outro. Depois subitamente ela se eleva e começa a ganhar altura novamente. Agora ela bate muito as asas, ssobe muito alto e vai aumentando o ângulo de ataque até que estola novamente, agora ela gira sob uma das asas e desta vez ao invés de se deixar cair ela continua a bater forte as asas e aumenta a aceleração deste novo mergulho.
Quando ela já está com muita velocidade e já sem bater as asas ela sai do mergulho num planeio elegante, quase dá um touneau e faz uma longa curva para a direita. Antes de completar 180 graus ela reinicia a bater as asas. E agora ela aos poucos aumenta a potencia até que já em grande velocidade ela para as asas, eleva o bico e ganha bastante altura. E sobe o quanto pode. Imediatamente antes do stall ela faz um touneau.
Ela repete várias manobras de um lado para o outro. Ela recomeça a bater as asas ganha bastante altitude e quando já tem muita altura ela subitamente gira para a esquerda e desce planando num arco largo e longo. Ela vai fechando o ângulo até que quase provoca uma glissada. Antes de glissar ela gira, toma velocidade e da um loop.
Nenhuma das outras andorinhas do bando lhe acompanha. Ela não segue as regras de vôo do grupo. Ela voa por prazer.
Ela enche o céu de alegria e liberdade. Ela voa claramente pela simples elegância de voar. Ela desfruta do talento de naquele momento ser apenas uma andorinha.
Talvez eu nunca mais te veja, mas muito obrigado.
Talvez eu nunca mais te veja, mas muito obrigado.