Recife. Cidade de muro baixo.

Recife é uma cidade interessante, de muitos segredos.
Não é nem de longe uma cidade bonita como o Rio ou Paris. Não tem as belezas naturais de uma nem as belezas urbanas da outra. O litoral do Estado, este sim é belíssimo com algumas das praias mais lindas do planeta.

O encanto da cidade está nas pessoas. Recife é uma cidade de amigos, de bons amigos. De grandes e fortes abraços.
Apesar dos quase dois milhões de habitantes é uma cidade pequena, todo mundo se conhece. Uma cidade claramente dividida em núcleos. Boa Viagem, Olinda e Casa Forte quase não se misturam, têm caráteres diferentes, são virtualmente autônomas.
Todo mundo se conhece mesmo. Amizade é o tempero fundamental da cidade.

Por ser uma cidade de núcleos voltados pra si mesmos, por ser uma cidade sempre em festa, por ser uma cidade de amigos, Recife acabou se auto denominando “cidade de muro baixo”. Regada a muito uísque, o maior consumo per capita do país, o maior consumo mundial de Johnnie Walker, servido no terceiro polo gastronômico do país.
É verdade todos se conhecem, se conhecem bem, se conhecem em detalhes. As pessoas ainda se conhecem por nome e sobrenome. Sendo uma cidade de amigos, cidade de muro baixo, os amigos são naturalmente o assunto principal.
Não há nenhuma maldade nisso, é pura diversão. Uma intimidade carinhosa.

Ariano Suassuna, apesar de paraibano, é um recifense convicto.
É dele a melhor definição desse “muro baixo”. Diz ele, cobertíssimo de razão, que não vale a pena falar de desconhecidos, não faz sentido falar de quem não se conhece, não tem a menor graça.
Deve-se falar mal dos amigos. E mais: deve-se sempre falar pelas costas, falar pela frente seria deselegante, é desagradável.
Um sábio.