Ninguém engoliu a sério a renúncia de Herr Ratzinger como motivada por problema de saúde.
A situação estava tão explosiva dentro da igreja alemã que a renúncia é vista como uma tentativa de evitar um escândalo, um cisma e preservar a ala conservadora. Abaixo alguns fatos principais tirados da imprensa alemã, principalmente do Spiegel e da Deutsch Welle.
A situação estava tão explosiva dentro da igreja alemã que a renúncia é vista como uma tentativa de evitar um escândalo, um cisma e preservar a ala conservadora. Abaixo alguns fatos principais tirados da imprensa alemã, principalmente do Spiegel e da Deutsch Welle.
Bento XVI anunciou sua demissão tornando-se o primeiro papa a renunciar ao papado em 619 anos.
A Alemanha que comemorou quando Ratzinger foi escolhido, oito anos depois muitos estão contentes de vê-lo ir embora. Ele bloqueou na Igreja Católica Alemã uma renovação necessária há muito esperada.
A Alemanha que comemorou quando Ratzinger foi escolhido, oito anos depois muitos estão contentes de vê-lo ir embora. Ele bloqueou na Igreja Católica Alemã uma renovação necessária há muito esperada.
Nestes oito anos na Santa Sé, o papa fez mais para dividir do que unir os católicos da sua Alemanha. Ele nunca abandonou o sectarismo de professor de teologia conservador. Ele não construiu as pontes como se esperava de um papa.
Na Alemanha sua eleição levou a uma divisão cada vez maior entre reformistas e fundamentalistas, os auto-nomeados guardiães da fé, que querem voltar para antes do Concílio Vaticano II.
Já se fala de um cisma na Conferência dos Bispos.
Bento XVI impulsionou a ala reacionária da comunidade católica e se aproximou dos ultra-conservadores Irmãos Pios. Seus esforços para enfrentar os escândalos de abuso que abalaram a Igreja em todo o mundo foram muito escassos e tardios. Nos Estados Unidos, na Irlanda e na Alemanha nem ele nem seus bispos conseguem recuperar a confiança perdida.
Contraditoriamente sob um papa alemão a reputação da Igreja chegou ao mais baixo nível de todos os tempos na Alemanha.
Um estudo realizado pelo Instituto Sinus mostra que até mesmo os católicos mais leais não confiam mais em seus próprios bispos. Bento XVI saudado como um chefe da Igreja sofisticado, se transformou em um líder que vagou pelo cenário internacional de equívoco em equivoco.
Mesmo amigos íntimos e antigos colegas dizem que Joseph Ratzinger não tem capacidade para chefiar uma comunidade de um bilhão de pessoas.
Na Alemanha Bento XVI foi um poderoso aliado dos que:
1. Secretamente testaram a adesão de Hospitais católicos à liturgia oficial
2. Clandestinamente gravaram os sermões de padres para derrubá-los
3. Procuravam difamar professores de teologia
4. Se auto proclamando guardiães da fé enviavam denúncias diretamente a ele e a seu secretário, Georg Gänswein.
5. Eram os denuncistas reacionários da ala conservadora da igreja católica alemã.
A renúncia do papa está sendo planejada há um ano e o papa tomou algumas medidas para garantir que seu legado político permaneça:
1. Nomeação do ex-arcebispo de Regensburg, Gerhard Ludwig Müller, como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé - a antiga Inquisição - como garantia de estrita ortodoxia em posições centrais do Vaticano.
2. Bento XVI elevou a bispo seu secretário particular, essere bello non è peccato, Georg Gänswein. O número dois do Vaticano foi há menos de um mês capa da Vanity Fair.
3. Gänswein está sendo lançado para assumir um bispado na Alemanha como o sucessor do Cardeal Joachim Meisner, o líder conservador de Colônia.
4. Nomeou o alemão Ernst Von Freyberg presidente do Banco do Vaticano. O banco opera em 150 países, tem cerca de 8 bilhões de dólares em ativos, está com várias operações canceladas pelo Banco Central Italiano e sob investigação da justiça por lavagem de dinheiro.
4. Nomeou o alemão Ernst Von Freyberg presidente do Banco do Vaticano. O banco opera em 150 países, tem cerca de 8 bilhões de dólares em ativos, está com várias operações canceladas pelo Banco Central Italiano e sob investigação da justiça por lavagem de dinheiro.
A renúncia de Bento XVI oferece à Igreja Católica na Alemanha uma nova chance de se libertar do torpor de um papa paternalista e encontrar uma maneira de resolver a profunda crise enfrentada pelos católicos alemães. Ou cair em um cisma catastrófico incentivado por ele.