A recente crise do Euro é muito mais uma crise ligada à dinâmica do mercado financeiro global do que uma crise no conceito de uma Europa unida e pacificada.
No máximo é uma doença infantil da nova fase histórica, que começou apenas há algumas décadas, de uma região que tem séculos, quase milênios, de formação cultural, política e econômica.
A crise do Euro, das dívidas e orçamentos nacionais, é uma crise financeira. Não é uma crise conceitual ou de identidade da União Européia.
Não há entre os cidadãos da Europa um sentimento profundo de pertença, de “nacionalidade européia”, que os ligue à União Européia. Mas ser europeu é uma característica real, percebida tanto pelos que compõe o espaço continental quanto pelo mundo exterior.
A grande diversidade européia não é suficiente para impedir este sentimento, principalmente por que dentro das próprias nações da região há profundas e enriquecedoras diversidades.
É justamente no colorido desta diversidade que está a maior característica de ser europeu. É desta diversidade que surgiram e continuarão a surgir os grandes conceitos culturais, políticos, sociais e econômicos que fizeram a Europa construir a história ocidental.
Há efetivamente um indivíduo europeu.
Este sentimento de pertença é real e apenas começou a se consolidar. Mas o grande entrave para esta consolidação, e que esta crise deixou evidente, é fundamentalmente político.
Este sentimento de pertença é real e apenas começou a se consolidar. Mas o grande entrave para esta consolidação, e que esta crise deixou evidente, é fundamentalmente político.
Politica e administrativamente a UE é um arranjo federal antidemocrático de estados democráticos.
O poder político da UE não emana de forma direta de seus cidadãos. Sua base administrativa e operacional é um labirinto autoritário distante dos cidadãos, costurado em gabinetes políticos.
O poder político da UE não emana de forma direta de seus cidadãos. Sua base administrativa e operacional é um labirinto autoritário distante dos cidadãos, costurado em gabinetes políticos.
Para o cidadão comum o poder de Bruxelas é percebido mais como uma interferência indesejada do que como um poder legítimo.
O poder e a interferência da UE na vida dos europeus são inteiramente antidemocráticos, autoritários e sem legitimidade popular.
O próprio Parlamento Europeu, com seus eurodeputados eleitos em cada país membro, é mais uma figuração burocrática do que um poder efetivo e representativo das comunidades nacionais que os elegeram.
Daí a apatia dos cidadãos em relação à Bruxelas.
A recente crise financeira ameaçou a existência e a continuidade do Euro e permanece ameaçando a saúde econômica do bloco em geral e a de alguns países em particular. Há muito a fazer para viabilizar a existência econômica destes países dentro da UE.
A crise provou que uma união monetária sem uma união fiscal e orçamentária é um absurdo econômico. Não podia funcionar e não está funcionando. Felizmente as recentes decisões tomadas estão na direção correta para resolver o problema.
Falta agora resolver o mais importante e sutil problema estrutural da UE.
Falta agora resolver o mais importante e sutil problema estrutural da UE.
É preciso desmontar o poder ilegítimo, apesar de legal, de Bruxelas.
É preciso transferir democraticamente o poder para as populações e torna-lo representativo de seus anseios e necessidades.
É preciso transferir democraticamente o poder para as populações e torna-lo representativo de seus anseios e necessidades.
É preciso substituir a autoritária máquina administrativa da União Européia por órgãos que tenham legitimidade representativa de suas populações.
Acima de tudo o Parlamento Europeu precisa passar a ser a verdadeira e ultima instância de poder político na UE como são os parlamentos nacionais dos estados membros.
É indispensável a transferência de poder e soberania nacional para os organismos operacionais e políticos da UE.
Essa transferência é essencial para o sucesso da Unificação européia. Mas sem uma legitimização democrática irá se criar outra fracassada experiência federalista soviética.
Essa transferência é essencial para o sucesso da Unificação européia. Mas sem uma legitimização democrática irá se criar outra fracassada experiência federalista soviética.
Somente com essa legitimização o sentimento de pertença de cada europeu em relação a UE se tornará efetivo, participativo e atuante.
O Sonho Europeu mal começou.