Sampa City

Vim passar o Natal com Patrícia, minha filhota, em Sampa. Sampa capital, pois em São Paulo eu já estou numa chácara a 60 km do centro. Um dos lugares menos poluídos, mais agradáveis e silenciosos em que já estive.
Pat mandou um motorista me buscar na chácara. “Seu” Carlos me trouxe em cerca de 50 minutos até o Brooklin, trânsito tranquilo, sem stress. Em menos de uma hora, saímos de um refúgio quase monástico para o centro de uma das maiores cidades do planeta.
À medida que chegávamos, a cidade se impunha no horizonte, o tráfego aumentava, as pistas da auto-estrada se enchiam. O transito se condensava.

Sampa surgia ao longe quase irreal. Estávamos penetrando na metrópole. A cidade chegava, crescia, nos rodeava, surgia assustadora nas dimensões. O tempo que estava ótimo no campo, na cidade estava péssimo.
Avistava-se a cidade dentro de uma bolha esfumaçada de nuvens escuras. A cidade surgia dentro de uma redoma cinza nas extremidades, completamente negra no centro, com raios cortando o céu interior.
A bolha que crescia à nossa frente, ficou enorme nos encobrindo. O tempo piorava, os raios explodiam em todas as direções. A bolha nos envolveu completamente. Estávamos na cidade. 

Ao nosso lado transito intenso, carros rápidos, mais e mais pistas, viadutos se sucedendo. O céu cinzento repleto de raios. Sampa é a cidade com a maior incidência de raios do planeta.
Os prédios altos e espelhados refletiam os raios, a cidade como um todo explodia em luzes faiscantes. Alguns carros esporte passavam em velocidades muito acima do permitido cortando o transito insanamente.
Muitos helicópteros cruzavando o céu, aviões à jato com turbinas zunindo alto, voando muito baixo, descendo enfileirados no centro da cidade, pousando entre os prédios. Os carros em muitas pistas zuniam em muitas direções. Tudo acontecia freneticamente.

Uma Gotham City apocalíptica, esfumaçada, fechada em si própria, desenhada em preto e branco num cartoon alucinado. Uma obra de Lang. Linda.
Definitivamente São Paulo é hyper-realista.