Um Funcionário Exemplar

O Massacre na floresta de Katyn foi um episódio horripilante da ocupação nazista e soviética da Polônia em 1940.
No massacre em que foram assassinadas a sangue frio cerca de 25 mil pessoas, foi eliminado todo o corpo de oficiais do exercito polonês. Atribuído aos alemães foi sempre negado por eles que acusavam os russos.
Só durante a Perestroyka de Gorbatchov é que foi finalmente admitida a responsabilidade soviética. Blokhin foi o principal protagonista deste evento. Um dos mais impressionantes seres humanos que já passaram por este planeta.

Vasili Mikhailovich Blokhin, o performer de Katyn, teve sua mais brilhante atuação neste massacre quando executou pessoalmente mais de 7.000 oficiais poloneses capturados após a invasão soviética da Polônia. Pessoalmente, um a um. Todos os 7.000.
Este exemplar e dedicado funcionário público executando a ordem secreta № 00485 de 4 de abril 1940 de Stalin tornou-se o mais bem sucedido carrasco da História.
Zeloso, Blokhin planejou a operação em detalhes e inicialmente decidiu-se pelo ambicioso número de 300 execuções por noite. Ele criou uma operação eficiente em que os prisioneiros eram individualmente conduzidos a uma antecâmara pintada de vermelho, carinhosamente conhecida como o Quarto Leninista.
Depois de identificado o prisioneiro era algemado e levado para a sala de execução ao lado que tinha as paredes acolchoadas para insonorização, piso em declive de concreto com dreno para escoamento, mangueira de água e um quadro de registro.

Blokhin usava um discreto avental de açougueiro em couro, boné e luvas que protegiam seu impecável uniforme. Um a um ele atirava apenas uma vez na base do crânio dos prisioneiros com uma Walther TPH 2.25 alemã (*). Precavido ele trazia uma maleta cheia com suas próprias Walthers já que não confiava na TT-30 soviética.
Blokhin sempre fiel à sua reputação - na sua brilhante carreira profissional constam dezenas de milhares de execuções - trabalhava de forma contínua, rápida e sem interrupção.
Mas apesar de seu diligente esforço pessoal o número inicialmente planejado de 300 execuções por noite precisou ser ajustado para modestos 250 após a primeira noite de trabalho.

Entre 20 a 30 agentes da NKVD soviética - futura KGB e atual FSB - davam suporte a Blokhin. Eles faziam a escolta e identificação, removiam os descartes e mantinham o ambiente livre de sangue após cada execução. Toda a operação era realizada à noite e prosseguia até pouco antes do amanhecer.
Os resíduos da operação eram continuamente carregados em caminhões que duas vezes por noite iam para Mednoye, onde um trator e dois motoristas escavavam de 24 a 25 trincheiras de oito a dez metros que deveriam estar cobertas antes do amanhecer. A equipe trabalhava sem parar durante dez horas por noite e ao final do trabalho Blokhin distribuía vodka para todos. 
Nesta operação o incansável Blokhin, durante 28 noites consecutivas atingiu a impressionante média de uma execução a cada três minutos.

Lavrenti Béria, chefe do NKVD, reconheceu publicamente seus serviços como “irrepreensíveis”.
Stalin sempre atento aos talentos de sua equipe o promoveu a major-general e o condecorou com a Ordem da Bandeira Vermelha, uma honra reservada a poucos heróis soviéticos.

(*) não confundir com a Walther PPK, muito mais charmosa, a preferida de James Bond, a obra-prima de Carl Walther criada em 1929, produzida pela Carl Walther GmbH Sportwaffen.